Olho para a folha em branco, paro, penso, repenso e estilhaço o tanto que tenho por dizer. Intermitente como o cursor, vou piscando o olho a esta ou a outra palavra, escrevo uma frase duas se tanto, e volto ao branco, volto a parar, a pensar... a mudar.
Não serve, não está bom, volto a apagar. Frustrada, repito, apago e desisto. Voltarei amanhã, talvez depois e continuarei assim, nesta batota, nesta busca pelo que não tenho, neste branco vazio, nesta intermitência...
Não é que me preocupe com a escrita em si. Não é que me preocupe com os juízos de valor que possam fazer. Não é que me preocupe em ser perfeita, ou coerente, ou até polémica. Não! Quero lá eu saber disso. O que preocupa é que as letras que me saltam pela ponta dos dedos não sejam fieis a mim. O que me preocupa é que as tantas palavras que conheço não saibam quem sou. O que me preocupa são estas frases que se seguem umas depois das outras e que desconhecem esta saudade que me esmaga o peito.
Podia falar-vos da dor, mas que sei eu dessa dor entre tantos doutorados no assunto? Podia falar-vos da falta de ar, mas não, não é ar que me falta é esta poluição que me sobra e o tanto mais que não sei explicar. Podia até se quisesse falar-vos que é doença, jurar-vos que sinto um aperto, uma coisa castrante, um monstro terrível que me habita e aterroriza...
Não é que me preocupe se vos minto... não... o que me preocupa é este eco nas ideias escritas. O que me preocupa é esta coisa, esta ignorância infestada de certeza... o que me preocupa é isto tudo que sei de cor, que sinto o cheiro, o sabor e nunca vivi. O que me preocupa sou eu... e tu... e tu... e tu... e tu... o que me preocupa é o eco desprovido de razão... o que me preocupa é não saber das palavras, aquelas que nunca ouvi... o que me preocupa és tu... e tu... e tu... e tu... que vives em mim e que eu não sei verbalizar.
7 comentários:
a impotencia
a raiva
a frustaçao
Sempre gostei da tua honestidade na escrita ...porque consegues escrever através da tua voz e através de muitas outras vozes mudas que gostam de te ler..porque percebem que a tua voz é de certa forma uma espelho..
bom dia martinha :) jinhos
Primota,
Fico no silêncio mudo, naquele que nao diz muito. Talvez as palavras que saiam nao sejam todas as que tens para dizer, talvez a fotografia que pintas, não seja a totalidade de uma imagem tua. Mas e depois?! O que interessa é que vás conhecendo, para ti, explorando contigo esse eu e eu e eu e ainda o outro eu que tens em ti. Conhece-los? Deixa-os respirar que virão ao de cima e apenas te completar-te-ão. Não és? Entao que nao sejas. Não estas? Entao que nao estejas. Não queres? Tudo bem... Descobre-te na pagina em branco e mostra-nos essas letras que nao tens.
Beijinho grande
a leve mas firme simplicidade com que tu nos habituas é deveras soberba.
entendi e entendi-te!
o grito mudo que faz tremer as palavras.
bjs.
p.s. sairá vais ver...sairá...! n sei se me entendeste.
R. Filgueira,
Sim, preocupa-me a impotência e a raiva e como consequência... vem a frustração.
Vem, e vai! :)
xii
Sininho,
Boa noite ou bom dia... Esta minha "voz" é tão incompleta... mas sim, acredito que comum a muitos de nós.
Obrigada! :)
Beijinhos!
Cátia,
O encanto está na complexidade e o desencanto está precisamente no mesmo local. Temos dias em que domamos os bichos e dias em que os bichos se rebelam.
...
Descubram-me nestas páginas de papel fantasia, desvendem para lá das letras alinhadinhas e iguais o que se esconde... qual o tu que me preocupa...
Beijo grande!
Fontez,
:) Eu também não sei se me entendeste, mas sim, este eco nas palavras sairá e voltará o tempo fértil... e depois o eco...
É da chuva e do sol que nascem malmequeres, de apenas um nada nasce.
Beijinhos!
Todas as adversidades sao uma licçao - servem para crescermos como pessoas.
É tao facil viver com tudo, o dificil deve ser comer dos caixotes do lixo e dormir na rua.
A vida é uma constante superaçao de obstaculos e especie que nao se adapta, nao sobrevive
nao lhe vou dizer nada novo: A luta é consigo mesma...
xii
Oh, beijinho, beijinhoooo!
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