quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo




 

Para todos um Ano Novo fantástico!!!

Beijos,
Marta

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

choc choc

E enquanto me debato nesta imensidão de silêncios e palavras confusas, ele oferece-me uma viagem ao passado, a um mundo feito de fantasia dji chocolatxi choque choque chocolatxi...



Adenda: Estava agora a olhar para o vídeo pela primeira vez. A imagem é medonha, mas consigo perceber, com alguma vergonha confesso, que tive umas meias como as da Xuxa...
O modelito era uma saia castanha, meio rodada, acima, bem acima do joelho, as meias eram castanhas e deixavam ver uma tirinha de perna, a camisola um amarelo esverdeado e na cabeça um chapéu castanho... o toque de requinte era dado nas botas de atar à frente (tipo tropa)... estávamos no fim de 94, eu tinha acabado de entrar na faculdade e achava a fatiota cheia de estilo, não a desperdiçava (felizmente) no dia a dia, era só para saídas...

imensidão

"Todos os dias, sem excepção, no desenvolver do nosso trabalho, tudo à nossa volta nos remete repetidamente para a imensidão. A imensidão do mundo, da quantidade de pessoas em risco, a profunda imensidão da pobreza, a imensidão da doença, da injustiça, e sobre todas as coisas, do que é amargamente injustificável. E todos os dias, o combate à imensidão tem início com e nas pequenas coisas. Na transformação de uma única vida, no esclarecimento de uma curiosidade, na colmatação das necessidades básicas de apenas algumas centenas de pessoas. No universo das pequenas coisas não pretendemos anular a imensidão, pretendemos sim, retirar-lhe terreno progressivamente."

Estas foram as palavras que me chegaram hoje da Helpo e que trazem na página seguinte um desenho de um barco a pescar ao largo da Ilha de Moçambique, num mar de fantasia a abarrotar de peixes e um menino que cresceu desde a última fotografia que vi, um menino de sorriso tímido e olhos brilhantes do tamanho de um mundo que ele desconhece. Um menino lindo, que tem em si silêncios que eu jamais poderei  entender...

É nesse mundo em que a cada dia a imensidão da pobreza e da precariedade perde terreno progressivamente que eu quero viver... e não há meio...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

silencios

Eu que escuto o silêncio nos talheres que batem ritmados no prato, na água que circula no aquecimento, na chuva para lá da janela de vidro duplo, na chave do vizinho que roda na fechadura da porta de alta segurança,  na televisão que me chega da sala, fico assim, pequenina, esmagada pela consciência do som do silencio alheio. Do silencio aqui do meu quintal. Esse silencio que ronca no estômago vazio. Esse silencio... splash... que perfura a pele, feito pelas goteiras que furam o plástico. Esse silencio cheio de sonhos de guerras... que se chamam sonhos porque se desconhece que são pesadelos. Esse silencio que grita em olhos cinzentos, baços, esse silencio que baila nos membros que escondem o rosto marcado.
Eu que escuto este silêncio medonho, sinto-me aturdida com esse outro que existe para lá do reino da minha fantasia!

confuso...

... é o tanto que tenho aqui, algures, entre a cabeça, o coração, os lábios e a ponta dos dedos.
Como diria o poeta é um não sei quê, que me vem não sei de onde, mas não me refiro necessariamente a amor, ou pelo menos a esse amor “comercial” que se vende em rosas vermelhas e “I love you’s”. Confuso é este não sei quê que sinto agora, esta emoção, este aperto na alma. É isto que não sei pôr em palavras que sempre se revelam demasiado pequenas. É um não sei quê de incompreensão pela vida. É um não sei quê de duvida quanto ao rumo. É um temer-me alguém que não quero ser. É o saber-me diferente do que tantos parecem ver. É esta impotência como doença crónica. É esta mágoa que tantas vezes dança e canta e seduz... é esta cobardia revestida a preguiça que me enregela os dedos e turva o raciocínio... este medo do escuro, do que está para lá do que os meus olhos alcançam... é este inconformismo que dá o braço a esta coragem, esta paixão, esta gargalhada, esta força que me impulsiona, este sonho permanente... é no fim do dia esta inconstância... e sou eu que me perco e encontro entre letras, que me pinto de mil cores exuberantes e que me transfiguro...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal

A última semana tem sido rica em sustos. Começou com o terramoto e para já recupera-se como se pode desta espécie de furacão que nos visitou pela madrugada. Deixem que lhes diga, tenho andado acagaçada que se farta, mas para já tudo ok. Tenho janelas e telhado no sitio. Televisão, luz e internet de forma intermitente, o que é bom, porque 2 quarteirões abaixo ainda se está na obscuridade. Quanto ao telefone, ele está cá, mas não serve de nada, parece que anda meio mundo a querer saber do outro meio e o bichinho diz que tem a rede ocupada, isto quando diz alguma coisa... e pronto, estou confiante que este será um bom Natal! Parece ironia mas não é, estou mesmo. É o meu primeiro Natal nesta casa. Serei eu a cozinhar o bacalhau que cá em casa será com broa (se tiver luz e forno :P). Terei os meus convidados a chegarem a meio da tarde de amanhã, o que quer dizer que só se farão à estrada depois do fim do alerta amarelo, enfim, estou aqui a ganhar forças para ir aspirar enquanto a luz não vai abaixo e depois que seja o que Deus quiser. Estamos todos vivos e pareça-vos ou não um cliché, isso é o que verdadeiramente me importa!

Desejo-vos a todos um Feliz Natal, que sejam muito, muito felizes.

Beijo enorme.
Marta


Se as condições o permitirem ainda recebem o mail da praxe ou o sms.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

dahhh

O post de hoje do Bruno lembrou-me o quanto eu gosto de me rir de mim mesma e o quanto eu aprecio pessoas com essa capacidade. E ao lê-lo, lembrei-me de partilhar convosco uma história que se passou comigo à umas semanas atrás.
Tenho uma prima que está na América e casada com um Americano, que como imaginam não percebe uma palavra de Português. No fim de Outubro ela esteve em Portugal sozinha e eu como sempre fiz de chauffer até ao aeroporto. Na última noite ela ficou na minha casa e a páginas tantas ligou-lhe de um dos meus telemóveis para lhe dar o meu número de casa e poderem falar mais à vontade. Deixei-a ao telefone e fui para o meu quarto. Cumpridos todos os rituais deitei-me, já passava da meia noite e no dia seguinte tínhamos que nos levantar antes das seis da manhã, mas como é hábito agarrei num dos  telemóveis e liguei ao Cd. Aquele telemóvel só serve para falar com ele e para algum telefonema em que eu prefira não dar o meu contacto principal. É um 93 TAG, que eu nem sei o número de cor. Basicamente eu marco verde verde e falo com o Cd. E assim fiz. Verde verde de forma perfeitamente mecanizada. Auricular a escorregar da orelha e olhos pregados na TV a tentar decidir se iria adormecer com o Discovery ou com o História.
Ele atendeu e começou a fazer uns ruídos estranhos muito baixinho do outro lado da linha, nada de anormal, falamos tantas vezes que na verdade não há muito que falar e às vezes ele brinca de fazer umas vozes esquisitas e de falar línguas que não existem. Eu normalmente já estou chata com o sono e berro com ele, mas naquele dia, apeteceu-me alinhar na brincadeira e comecei do meu lado:

Nha nha nhé dah parititatutiti

E ele respondia e eu respondia, enquanto distraída ia mudando de canal, estivemos assim cerca de 2 minutos até que consegui perceber do outro lado num tom mais alto:

Is Rita there?

E nesse momento caiu-me a ficha… verde verde é uma coisa perigosa...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

desacertos

Hoje lembrei-me de um poema de Florbela Espanca que li e reli vezes sem conta na minha aborrecência tardia, lembrei-me a propósito de desacertos emocionais e da forma como as pessoas se apegam aos seus ódios como náufragos a bóias de salvação. Partilho convosco o poema que é sem dúvida um dos meus preferidos.

Ódio?

Ódio por ele? Não… Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei tanto encanto…

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! Nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não… não vale a pena.


E nessa sequência de pensamentos não pude deixar de pensar no amor próprio, ou na falta dele...