terça-feira, 4 de dezembro de 2007

quadro

Hoje, porque me apetece confessar, ou talvez apenas por sentir saudades, resolvi voltar a esta casa. Não a reabri, apenas entro e olhos as paredes cheias de quadros e de pó. Debaixo do braço, trago um outro, que colocarei hoje, pequenino, de moldura barata.
Foi quase há um ano que dei vida a este espaço. Nele deixei uma parte de mim, armazenada, e desde aí muito mudou. Aliás tudo mudou!
As verdades não deixaram de o ser, apenas tomaram outra proporção. Das lágrimas ficaram as marcas cravadas no rosto, cavadas na pele, mas são hoje um rio de leito seco. Optei por não fazer a plástica que ocultaria a sua passagem, aprendi a amar as marcas. Aprendi a respeitar o meu tempo, que pode ser lento, mas é o meu.
Nesta casa, conheci gente fantástica. Gente que num passe de mágica passou a fazer parte da minha vida. Nesta casa aprendi a ver sem olhar, a sentir sem medo, a arriscar... nesta casa gritei quem sou, confessei quem fui... nesta casa fui eu, sem medo, sem máscara nem teatro... nesta casa fui feliz!
Hoje venho aqui, sem fazer barulho, agradecer. E desculpem lá, mas venho agradecer principalmente a mim, porque sou eu, que continuo a cada pontapé no rabo a usá-lo como forma de me aliviar a marcha, as pernas cansadas. Sou eu que canalizo essa energia para me ajudar a seguir. Sou eu que quando arraso os joelhos é apenas para aliviar as bolhas dos pés... sou eu que não vou desistir de mim. És tu, a quem também agradeço, que me sorri e garante que confia nas minhas pernas...
Obrigada, confesso aqui... sem me ter a mim, que me resgatei neste espaço, sem ti, que aqui encontrei, hoje seria mais difícil a caminhada, sei que a faria como fiz outras, mas também sei, que ela se revelaria bem mais agreste.
Agarro o martelo, espeto o prego e deixo o quadro... nele fica apenas este rabisco torto e preparo-me para ir... um dia destes talvez volte cá!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Está encerrado o confessionário!

Confesso aqui, hoje, pela última vez!
Foram quase 6 meses, ao longo dos quais fui afirmando que continuaria enquanto fizesse sentido, pois bem, já não faz! Na verdade vejo que já não faz sentido há bastante tempo... não um confessionário...
Este blog nasceu com uma missão definida, cumpriu-a há muito, eu devia ter partido nessa altura, ou trocado de casa, mas fiquei... porque não queria perder o confesso, porque não queria perder os que aqui encontrei...
Mas o confesso aqui, fará para sempre parte dos meus amores, e vocês, ficarão no meu coração e na minha memória!
Este espaço deixou de ser um confessionário e é um espaço de fantasia, de ficção, de critica até... um espaço onde se encontram amigos... encerra-se o confessionário, veremos se nasce um outro “aqui” qualquer... pois é Cd, acho que vou aceitar a tua sugestão!
Muitos de vocês já seguiram outros caminhos, outros permanecem... como em tudo na vida, uns partem e outros chegam, uns deixam muito, outros menos, mas todos foram importantes nesta minha caminhada. Obrigada pelo tempo que me dedicaram, pelas confidencias que trocámos...
A todos, aos que irei referir em seguida e aos que não o farei, aos que aqui vieram e comentaram e aos que aqui me leram em silêncio... OBRIGADA! Este é o meu último post e é vosso!
Para a Ana, que ainda agora aqui chegou, obrigada pela frescura e juventude, para a Carracinha, que também é nova por cá, obrigada por me lembrares que podemos passear do alto da nossa janela!
Esteril, foste o meu mais fiel leitor de confissões, enquanto o foram, obrigada pelas horas que me dedicaste, pelas longas conversas... vemo-nos por aí!
Borboleta/Menina Mulher, não te vejo faz tempo, mas não te esqueci, obrigada pelas palavras, pela atenção... até sempre!
Cádis, de ti senti-me próxima, combatemos fantasmas e demónios, obrigada pela companhia, espero que tenhas vencido os teus! Até sempre!
Morgaine, tu és do tempo da fantasia... Obrigada porque me divertiste, porque me tocaste... tenho saudades tuas... e também da tua alegria... Weeeeeee!!! ;) ...até um dia destes!
Mina, discreta e serena, estás cá quase desde o inicio... obrigada... senti que me ouvias! Irei visitar-te.
Gk, falas pouco, mas vens aqui há muito tempo. Obrigada porque em momentos chave, senti que entendeste! Continuarei a ler-te, talvez descubra o teu “segredo”.
Xanusca, :) , talvez sejamos Martas parecidas, ou Martas diferentes... Obrigada, gostei de te conhecer e “acertar” nas “invenções”. Vemo-nos por aí!
Tarina, imagino-te doce, gentil, sensível... e apaixonada! ;) Obrigada pela presença, pelas palavras! Foi um prazer e sinto que continuará a ser... vou ver-te!
Topept, não foste um habitual, mas foste o que me disse num dia especial para ir em frente... foste o que me disse e sabia do que falava, obrigada! Pode ser que a gente se veja por aí!
Atento, o meu leitor anónimo, foi divertido tentar adivinhar quem és, podias finalmente dizer-me não achas? Obrigada também a ti... apesar de anónimo e agora menos atento, foste um dos que mais me acompanhou... o que não tinha ou não queria revelar o seu blog, mas que ainda assim me comentou, criticou e elogiou... a ti é até sempre, porque não tenho como te encontrar...
Wolfhunter, tocaste-me, com a tua gentileza, com as palavras doces, com a simpatia! Obrigada uma vez mais por me teres encontrado! Espero ver-te e ler-te!
Bublicious, obrigada pela presença, pela companhia, pelas palavras, pela alegria, pelo amor à vida... voámos juntas e eu gostei! Vou embora, mas não esqueço o endereço dos amigos... continuarei a visitar-te!
Bono, tu és especial... cheio de cores e contrastes... Obrigada pelas gargalhadas, pelo humor, por me dares força à fantasia! Obrigada amigo silencioso e quieto... terás sinais meus...
Fontez, sabes, foste o primeiro a comentar no confesso aqui... obrigada! Tentar entender-te é um desafio, não consegui, mas quero continuar a tentar! Continuas um nó na minha cabeça e eu continuo a gostar! Até já!
Cátia, a minha primota, porque escolhemos assim e não porque a família o impôs...
Obrigada! Vou guardar sempre comigo o dia em te deste ao trabalho de me conhecer... vou lembrar os mimos, o bolo partilhado... as disputas pelo baloiço... vou lembrar-te daqui a uns anos (muitos), quando estivermos mais senis e contar-te como foi... outros dias terás que ser tu a recordar-me! Estarei por perto!
Cdesag, obrigada pela presença silenciosa, que no inicio era mais audível... um dia tens que me explicar porque me comentavas... sei que não gostas de o fazer...
Obrigada por seres quem és, por teres entrado na minha vida... sem o confesso aqui, não te conheceria, não teríamos uma cabana, não seriamos parceiros...
Para ti é até... tu sabes quando é... não esqueceste pois não? ;)

Vou embora, mas levo-vos comigo, a todos, de diferentes formas... o blog fica por cá, não o vou apagar... seria apagar-me um pouco, nele está muito de mim... do que sou e do que fui... talvez sinta saudades, talvez volte, talvez arranje uma nova casa...
No meu perfil está o meu contacto, vou gostar de saber noticias vossas!
Até um dia...

Beijos!
Marta

sexta-feira, 1 de junho de 2007

muito grande

Os risos ecoavam ainda pelos corredores largos, afastando-se. Nunca soube muito bem por ordem naquela correria desenfreada, nos atropelos à saída. Confesso mesmo, que em muitos dias, me apetecia simplesmente sair a correr com eles, esquecer tudo, e voltar a ter direito a brincar. Reconquistar os meus minutos de recreio!
Depois de todos terem saído, reparei na Sofia, ficara sentada, carita escondida pela cabeleira preta de caracóis largos. Caminhei para ela, ouvindo apenas o som seco do tacão a bater na madeira velha do soalho e o frenesim distante que chegava da rua, para lá das velhas portas em arco.
“Posso sentar-me contigo?” – Perguntei com um sorriso, tentando adivinhar o motivo da sua tristeza. Limitou-se a acenar com a cabeça.
“Não queres brincar com os teus amiguinhos hoje?”
“Não! Já sou muito crescida!”
- O seu tom era realmente o de um adulto triste, aprisionado no seu corpo e voz infantil. Avistei-lhe uma lágrima a despontar nos belos olhos negros. Senti o coração apertar-se face ao sofrimento daquela criança que aprendera com o tempo a amar.
“Sabes uma coisa Sofia, eu sou ainda mais crescida que tu e está a apetecer-me ir lá fora aos baloiços. Queres ir comigo?”
Fitou-me de frente, com os olhos arregalados de espanto.
“As duas? No baloiço?”
Sorri-lhe como resposta.
“Não!” - Disse peremptória e novamente cabisbaixa. – “Eu ontem ouvi que já sou grande demais...”
“Ouviste? Quem te disse?”
“Não foi a mim... eu é que ouvi... afinal já não vou ter uma mãe nova... já sou muito grande...”
Apeteceu-me sair aos berros com quem o tivesse dito, mas em vez disso forcei um sorriso e tentei confortá-la.
“Pois eu não te acho muito crescida, acho que és uma menina linda e que quando tiveres uma mamã nova, ela será muito feliz contigo, terá muita sorte por te ter!”
“Achas?!”
“Tenho a certeza!”
O seu rosto abriu um sorriso rasgado e os bracitos magros atracaram-se no meu pescoço. Não lhe vi o rosto quando ela me fez a pergunta mais doce que algum dia escutei e eu tomei a decisão que me fez mais feliz.
“Isso quer dizer que gostavas de ser minha mãe?”

quarta-feira, 30 de maio de 2007

assim...

Hoje acordei assim...
Não sei de quem é a culpa. Sei apenas que estou inocente!
Posso culpar o tempo, o trabalho, o salário, o transito, a noite mal dormida, o cão do vizinho... posso culpar o mundo, ou até mesmo o governo, estarei sempre certa... mas inevitavelmente sempre errada!
Acordei apenas com o grande peso de saber que terei um dia inteiro com o meu humor... que por mais que na rua o sol espreite, eu continuo cinzenta, que o cheiro a gasolina queimada no carro da frente, logo pela manhã, me enjoou para o dia, nem o aroma do café será capaz de me salvar daqui a pouco.
Ninguém me fez nada... exactamente, ninguém fez nada e é exactamente por isso que todos são culpados!
Eu estou inocente... pois... gritarei o mais que possa... quero acreditar...
EU ESTOU INOCENTE”...
Que porra esta...
Hoje acordei assim... alheada do mundo e de mim!

domingo, 27 de maio de 2007

Até quando?

Depois de uns goles de vinho, a língua solta-se...
“Carlos, posso fazer-te uma pergunta? Uma daquelas que estraga qualquer ambiente, mas que me lembrei durante o jantar e que tenho que fazer...”
“Podes.”
Respondeu, temendo certamente uma das minhas tiradas infelizes.
“Como vamos fazer quando a paixão começar a ir embora? A paixão vai sempre, ainda que o amor fique! Quando estivermos muito cansados, sem o incentivo da loucura... faremos 700Km por fim de semana? Já pensaste nisso?”
“Já!”
Obtive como resposta... não desenvolvemos... nem tentei... ainda aguento sem saber...
Mas...
Até quando?
Até quando teremos força para 700Km por pouco mais de 24h?
Até quando teremos as nossas vidas antigas suspensas?
Até quando iremos conseguir driblar os demais?
Até quando?
Quando a paixão começar a despedir-se de nós como faremos?
Quando os que nos são próximos reclamarem (mais) a nossa presença, quem iremos magoar? (esta é a única que sei a resposta... mas precisei escrever a pergunta, tenho que a interiorizar...)
A saudade, a ansiedade, a angustia de estar longe... sim, angustia, hoje é ela que me leva para casa... estão presentes, a paixão ainda aqui mora... aí também, sei que te moves pelo mesmo sentimento que eu... mas até quando?

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Memórias

A aragem fria entrava-me pela pele, invadia-me o corpo, sempre assim fora, dia após dia, noite após noite... fosse verão ou inverno, sempre senti aquele arrepio, aquele desconforto quando me dirigia até lá... curiosamente, sempre que entrava no local combinado, supostamente aconchegante... sentia uma vontade enorme de voltar para a aragem da rua! Na rua havia ar. Na rua era livre, dentro de portas... pois, dentro de portas não passava de um pedaço de carne... uma mercadoria, a ser consumida por senhoras integras, pois é... ladies... reputações acima de qualquer suspeita... maridos cornudos...
Antes de sair de casa tomava um banho e vestia-me... qualquer coisa com classe, dizia a Margarida, que invariavelmente me ligava a dar instruções!
“Tens que ter classe, ter a melhor oferta é um ponto de honra para mim!”
Honra... que raio via ela de honrado no que fazíamos, era pior do que eu, ela negocia gente, eu apenas me vendia a mim... honra... que raio de palavra...
Mas adiante, o decorrer do encontro era muito variável, jantar ou não jantar dependia do grau de romance que quisessem dar à coisa... havia gostos para tudo.
Algumas, queriam sentir-se amadas, queriam fingir que viviam o que não conheciam, queriam que as amasse... mesmo que em troca de dinheiro.
Outras queriam sexo, simples, descomplicado... apenas sexo, realizar uma ou outra fantasia mais ousada, mas era só isso, para essas, às vezes, nem tinha que fingir que gostava!
Não apanhei com muitas taradas, isso não, nos pontos de honra da Margarida, estava incluída a selecção das (dos) Clientes... a reputação da agência era importante, queria apenas gente com dinheiro e sã mentalmente, dizia... eu questionava-me que raio entendia ela por sã... mas enfim...
O regresso a casa era um misto de alivio e nojo, estava livre por umas horas, com sorte por uns dias... tinha coisas para estudar... convinha não esquecer porque estava ali... convinha sair logo que conseguisse... era importante ir embora antes de enlouquecer...

domingo, 20 de maio de 2007

Fujo

Os olhos pesam-me, a pintura de vários dias amanhece assim, arroxeada, esborratada... odeio isto!
Os meus dias repetem-se, arrastam-se. Que raio faço aqui?... merda!
Não sei quem é esta que vive no meu corpo, que permite a maquilhagem! Sei que estou escondida em mim, preservando a menina que fui, aquela linda, a dos totós que sonhava com o príncipe! Eu não sou esta que agora aqui mora... não posso ser... recuso-me a ser...
A mão sobe-me até ao rosto, estou demasiado velha... alguém me cortou os cabelos, me tatuou a pele e ela deixou... essa fraca que me ocupou o corpo permitiu. Odeio-a tanto que sou capaz de a matar! Não sei quando fui invadida... sei só que nunca fui conquistada... estive a reunir forças, a traçar estratégias, e hoje vou reaver-me na calada da noite, enquanto dorme... hoje fujo...
A carne dorida que tenho em volta dos ossos, não a conheço... o que recordo são as pernas longas, os braços esguios a barriga lisa... esta coisa dorida que me desforma não é minha, apenas a máscara que alguém me impôs... vou pôr mais betume... desse que disfarça... desse que usei em tempos para me sentir bonita e que agora uso para esbater as novas cores com que me pintam...
Dói-me o corpo, mas a maior lesão foi feita na alma... foi sentir-me usada, ultrajada, destituída de todos os sonhos... não foi a juventude que me roubaram... foram os sonhos da vida que tive antes desta, no tempo em que acreditava nos outros, o tempo em que não sabia o que eram os olhos a baixarem-se à minha passagem... o que me dói é ter ficado invisível... o que me dói é a solidão!
Hoje é o meu ultimo dia aqui... hoje, haja o que houver eu fujo...

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Obrigada!

A todos os que aqui vieram deixar-me os parabéns, conhecendo-me ou não, o meu sincero obrigada!
Não esperava que soubessem, não tantos pelo menos, mas a minha primota, encarregou-se da divulgação!

Agora falando para ti primota, surpreendeste-me, eu não sou apreciadora de aniversários, por isso costumo ir embora nesta data... mas este ano, tu organizaste uma festa na minha ausência, e eu gostei...
Não te quero falar de aniversários, quero falar-te de aceitação, de AMORAS, enquanto me aperto contigo no baloiço e partilho um chocolate...

“O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.”

Eugénio de Andrade.


Escolhi este poema, pela paz que sinto sempre que o leio, porque o quero partilhar contigo.
Sempre que estou noutro país que não o meu, visito lugares fantásticos, cenários perfeitos, sonho... mas no fim de contas o que eu amo mesmo é o céu azul do meu país, o seu sabor a amoras bravas, as mãos que as colhem...

Tu tens uma voz doce, como o meu país... mesmo que tal como ele, tenhas esse outro lado onde ainda não crescem amoras! Sei que há por aí silvas, muitas, e isso é bom, é delas que nascem as amoras selvagens...
Eu gosto de ti assim, pelas amoras e pelas silvas!
Pensando bem, não sei porque escolhi este poema... talvez apenas porque gosto dele. Também não sei porque gosto de ti... podia falar do carinho, da ternura, da amizade, mas isso tudo por vezes são apenas tretas... gosto... resume-se assim, com a facilidade de duas palavras... porque sim! Isto por si só é uma explicação mais do que suficiente para mim!

Obrigada!


(Acabei de ler o que escrevi, e não me parece o agradecimento que senti que devia fazer, é apenas o que me saiu, o que escrevi sem perceber... por isso vou publicá-lo assim, para que seja realmente meu... acho que vai com mais silvas que amoras... desculpem... fiquem só com a certeza de esta sou eu!)

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Chocolate

Senti o cheiro a chocolate mal abri a porta. Tentei abafar o som da minha chegada com a musica que vinha da sala... era cedo ainda, não houvera reunião... ela já estava em casa também, estranho...
Intrigou-me o odor doce no ar, sei que não aprecia especialmente as lides domésticas, e cozinhar encontra-se no topo da lista. Uma sobremesa? Não fazia sentido aquele perfume.
Dirigi-me à cozinha, pé ante pé... sorrateiro... apeteceu-me de repente surpreendê-la com um beijo. O romance tinha-se diluído nos dias atribulados, nas filas de transito, nas horas infinitas de trabalho, nos mais de 10 anos de relação... sempre a amei, mas sei que com o tempo passei a dizer-lho menos, a flor oferecida por nada, agora aparecia nos aniversários e pouco mais... o tempo... o tempo esbate tudo, a dor e o desejo!
Claro que a queria, mas a visão das suas costas ao meu toque no fim de um dia... fazia-me sentir rejeitado. Ela argumentava o cansaço, a falta de romance, o meu toque simples, desinteressado... romance... com o jantar a terminar às 10 da noite e a previsão de mais um dia de chatices, que cabeça tinha eu para romances... como é que ela podia pensar em romances... veio a rotina... acomodámo-nos... mas amava-a!
Senti pela primeira vez em meses o coração a acelerar-me no peito, senti o odor do chocolate a confundir-se com o dela...
A cozinha estava vazia, e lá dentro nada justificava o que o meu olfacto gritava. Que raio se passava naquela casa. Invadiram-me mil duvidas e comecei a cegar por um ciúme que já não recordava em mim! Mantive-me calado, tentando adivinhar sons, mas apenas ouvia o mesmo cd que avançava... cruzei a porta do hall que dava para os quartos e aquele cheiro intensificou-se nas minhas narinas... da porta da casa de banho, entreaberta, saía uma neblina leve, quente, com sabor a chocolate, a sua voz começou a tornar-se nítida...
“Ás vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois...”
Espreitei a medo. Lá estava ela, quase submersa naquela espuma branca, olhos fechados, trauteando Caetano... não sei pôr em palavras o que senti, um misto de alivio, paixão, desejo... a visão daquela mulher acima dos quarenta, da minha mulher, da mulher que amo... deslumbrou-me... a água imaginei-a doce, pelo que agora adivinhava serem os tais sais de que tanto falou e eu fui abanando a cabeça, mas que não sabia serem chocolate...
Como que sentindo ali a minha presença, entreabriu os olhos e sorriu-me... ajoelhei-me ao lado da banheira e beijei-a na face.
“Ouvi-te entrar..." Disse-me baixinho.
“Porque não disseste nada?”
“Quis surpreender-te!” Sussurrou, enquanto a sua mão emergia da espuma, para em seguida me agarrar pela gravata, e puxar para si...

terça-feira, 8 de maio de 2007

Mais de mim

O Fontez desafiou-me, eu aceitei... raramente nego um bom desafio (esta foi uma informação adicional ;) ).


Eu quero:
Viver!
Eu tenho: Tenho-me a mim... que sorte né? :)
Eu acho: Sempre qualquer coisa... por outro lado nunca acho nada e perco muito!
Eu odeio: Espinafres, e só por isso nunca gostei do Popeye!
Eu sinto: Um turbilhão de coisas... saudade!
Eu escuto: O silêncio. Muitas vezes é quem mais me diz.
Eu cheiro: Os dias, os corpos, os frutos!
Eu imploro: Perdão.
Eu procuro: O que raramente sei o que é... e quando encontro, quase nunca é o que procuro... não sei se não sei procurar ou apenas não sei o que quero!
Eu arrependo-me: Principalmente dos erros que não cometi!
Eu amo: Muito!
Eu sinto dor: Mas aguento-me...
Eu sinto a falta: De um mundo mais justo!
Eu importo-me: Com quem amo... isso vai dos meus pais até aos meus aos animais de estimação.
Eu sempre: Tenho dificuldade em sair da cama.
Eu não fico: Quando me sinto a mais. Mas como sou má em perceber as coisas... não sei quantas vezes fico a mais sem me aperceber.
Eu acredito: No Amor!!!
Eu danço: Sempre que posso... até na minha sala, sem ninguém...
Eu canto: Muito mal... mas gosto muito... canto sozinha, tá bom de se ver. ;)
Eu choro: Com frequência... acalma-me!
Eu falho: Ui, nem vou começar, ficava aqui a tarde toda...
Eu luto: Pelo que acredito, pelos que amo... se os magoarem viro fera!
Eu escrevo: Quando sinto vontade de falar, mas quero continuar em silêncio!
Eu ganho: Quando arrisco.
Eu perco: Quando não cuido do que é importante.
Eu confundo-me: Na distinção entre o importante e o urgente!
Eu estou: Aqui! Agora! Vens?
Eu fico feliz: Por nada em especial, e outras vezes apenas quando... apenas não fico!
Eu tenho esperança: De não ME trair!
Eu preciso: De Força... de Paz!
Eu deveria: Acreditar mais em mim!
Eu sou: Assim... e muito mais... ou menos... depende do ponto de vista!
Eu não gosto: Que me julguem... só eu sei quem aqui mora!


Resolvi desafiar a Morgaine, a Mina, a Xanusca, o Bono e a Carracinha Linda!
Responde quem quer, porque por enquanto dizem que o país é livre... devemos aproveitar... pode durar pouco.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Quero dormir...

A chuva miudinha, compassada, faz-me ter apenas vontade de dormir... de me enroscar na cama quente!
Abro os olhos... a claridade invade o quarto, apesar do dia negro. A cama, é indiscutivelmente confortável e a roupa que me cobre, mantém quente a temperatura do meu corpo. Como seria de esperar estou fria, gelada, desconfortável, esmagada neste espaço imenso...
Tu não vens há muito tempo, demasiado tempo!
Perdeste-te de mim?! Por onde andas? É com ela que estás agora?
Imagino o teu sorriso dirigido a ela... os teus olhos brilhantes... o teu corpo atento, respondendo ao chamamento...!
Fecho os olhos e afundo-me entre os lençóis, quero dormir! Quero dormir durante dias, meses... quero não pensar...
Quero dormir... vou dormir até que voltes...
Vais voltar?!
Vais voltar?!
Vais voltar?!

terça-feira, 1 de maio de 2007

Nomeações

E terminaram as obras...
Não se vê nada por aqui dirão vocês, está tudo igual... eu digo-vos que foram boas, que me fizeram bem, que gostei da remodelação... interna...





Durante a minha ausência, três de vocês, nomearam-me... fiquei comovida com o vosso gesto.

A Cátia - Ticho, referiu-se assim a mim:

“- Confesso aqui - Marta: Pela amizade, pela cumplicidade, pelo carinho... Por mostrar todas as suas fraquezas e os sentimentos, por ter tido a coragem de expor todos os seus fantasmas de forma clara e sem rodeios, e os ter enfrentado e seguido em frente...”

Obrigada querida, o teu carinho, a tua presença, a tua amizade, são muito especiais para mim. Obrigada por um dia aqui teres aparecido, por me teres encontrado, por me entenderes quando nem sempre é fácil... Adoro-te!
Uma das minhas nomeações seria sem duvida para ti... pela doçura das tuas palavras, pelo conforto que é ler-te... pela tua garra... pelo teu sorriso, ainda que por vezes doloroso, mas acredita que nunca solitário, mesmo que o sintas... não estás sozinha... aparece e anda no meu baloiço tantas vezes quanto queiras primota... eu reclamo mas gosto de te ver nele... ;)


O Bono - Bono_poetry, foi igual a si próprio:

“MARTA ,,,do confesso aqui....ela excita-me....e verdade...he he he”

Como te disse... fiquei sem palavras e dei umas boas gargalhadas...
Obrigada!
Não sei como chegaste aqui, sei que já faz algum tempo, sei que gosto de te receber, de te visitar... divertes-me...
Também te nomearia... sou tua leitora habitual, como sabes, mas nunca te disse porque o faço, pois bem, saberás hoje... gosto de me perder nas tuas palavras, na tua irreverência, no teu humor... gosto do teu contraste de cores... gosto de te sentir entre o vermelho e o negro...


O Fontez - Don't panic! The truth is..., não apresentou razões... simplesmente nomeou-me... para ti Fontez, o meu obrigada... gosto muito de ti!

A tua nomeação surgiu hoje, dei por ela quando entrei na net e te visitei...
Tu farias parte do grupo que iria nomear... as razões são muitas. Conheci o teu blog antes de iniciar o meu... um dia fui lá parar nem sei bem como e nunca mais deixei de lá ir... foi através do teu blog que descobri uma pessoa especial... foi pela tua tua mão que a conheci... terás sempre um lugar no meu coração!
Mas iria nomear-te também, porque gosto de te ler, de tentar descobrir-te entre o emaranhado de ideias, de sentimentos, na desordem que adivinho em ti...
Fontez, tu dás um nó na minha cabeça e eu gosto disso!



Agora as minhas outras nomeações... devo nomear 5, sei que acabei de o fazer com 3, a Cátia, o Bono e o Fontez, mas vamos todos fingir que não vimos, e nomeio mais cinco...

Cdesag – Mas afinal como!? – Tinha que ser não é? Porque ele foi, é, e eu quero muito que continue a ser, uma lufada de ar fresco na minha vida... uma ventania... uma tempestade...
Porque escreve bem, porque não tem pretensão de ser bom... simplesmente é... porque tem uma imaginação prodigiosa, porque me leva a viajar de balão e me faz combater com bruxas más, porque me transforma em guerreira... porque é brilhante, fantástico... porque me faz sentir especial...
Se forem até lá, e acreditem que vale a pena ir, procurem... encontrarão verdadeiras pérolas, a mim... prendeu-me com um texto intitulado “droga”
Cd, para ti a minha nomeação, o meu carinho, a minha amizade, o meu amor!

Esteril – Acaso ou destino – Também não podia deixar de fazer esta nomeação... este menino está presente desde o primeiro dia, “ouviu” muitas histórias, disse-me o que acreditava em vez do que eu queria ouvir, e isso fez dele um dos notáveis que por aqui conheci.
O seu blog anda meio parado, mas se tiverem um tempinho, passem por lá, vale a pena, seja ele por acaso ou por destino.
Esteril, o tempo tem sido pouco, tu sabes, mas também sabes, ou pelo menos eu assim o espero, que o carinho continua presente, veio para ficar... até já...

Wolfhunter – Este Senhor, além de Alentejano de coração como eu, escreve de uma forma deliciosa... a beleza dos seus textos ou reflexões, nem sei como chamar-lhe é reconfortante... passem por lá... irão surpreender-se com o Ser Humano e o escritor...
Wolfhunter, fico feliz por estares de volta, tenho-te lido, continuarei a fazê-lo... vemo-nos por aí... tu encontraste-me, fui eu que ganhei com isso... para ti o meu obrigada e o carinho...

Bublicious – Bubblesinwonderland – Gosto de a ler, tem uma simplicidade especial, toca-me... fala de Amor... passem lá, vejam por vocês mesmos como estou certa, a sua alegria pela vida está presente em cada linha, em cada palavra...
Bublicious, creio que chegastes a mim pelo Esteril, ainda bem que o fizeste, gosto muito de te receber, de te visitar... a minha nomeação faz-se acompanhar por um beijinho cheio de carinho...

E assim chegamos à 5ª nomeação... encontro-me num dilema... como escolher apenas mais um blog?
Gostaria de nomear todos os que me lêem, todos os que leio... e eu leio muitos, alguns que nem sequer comento, apenas por preguiça...

A última afinal serão duas (sou uma batoteira :D)... a Morgaine e a S.

Morgaine –
Citadel II - Escreve de uma forma brilhante, inquietante... se lá forem irão gostar como eu...
Morgaine, por lá encantas-me e por cá divertes-me... muiiiiitoooooo...

S – On my own - tem uma escrita apaixonante, deve ser lida com tempo, com "olhos de ler"...
S, gosto muito da forma como escreves!

Não esqueci a Tarina, a Mina, a Gk, a Xanusca, o Jefferson, o Pepe, etc, etc, etc... simplesmente tive que optar... foi muito difícil... mas visitem-nos...

Desculpem o tamanho deste post... acho que foi pelas saudades de vos falar que me alonguei tanto...
Beijos a todos... é fantástico ter-vos aqui... ler-vos... Obrigada!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Em obras

Sim, leram bem, o confesso aqui entra hoje em obras... volto de vez em quando para fiscalizar, mas provavelmente não vos visitarei, nem irei responder por aqui... ou talvez o faça... veremos...
De qualquer forma, quero apenas dizer que estou bem, que estas obras foram muito desejadas e finalmente chegou o dia... tenho a mala quase pronta... e vou!

Fiquem bem, tenham uma boa semana, um bom feriado, fim de semana... enfim... até um dia destes que será próximo.

Beijinhos a todos!

Marta

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Sou uma besta!

Prometi-te o céu e o inferno, prometi-te que me sairia de forma espontânea, natural... que tos entregaria sem me aperceber...
Uma coisa não podes negar, estou a cumprir as minhas promessas, o que é sempre bonito!
Lamento as asneiras que me saltam boca fora... lamento não ter estado ao teu lado naquele momento, para te abraçar... queria que sentisses o meu amor, o meu carinho... queria que visses nos meus olhos o quanto te amo!
Como podes pensar que o que sinto por ti pode mudar num segundo? Eu também sou insegura, entendo que o sejas, acho até natural, mas daí a acreditares que de um momento para o outro tudo muda...
Eu amo-te palerma... isso não vai acabar num minuto, não tenho em mim um botão de on/off, não funciono assim. Não sou canalha o suficiente para te magoar dessa forma! Nem sou cobarde o suficiente para fugir agora! Tenho os ténis guardados na despensa, abandonei as corridas, se queres que te diga, espero ter abandonado os meus tempos de fuga para sempre... e és tu o culpado desta minha reforma!
Quando tiveres duvidas, quando te sentires inseguro, pensa em mim, pensa no que já partilhámos... lembra-te dos meus olhos, recorda o meu carinho... ouve a minha voz!
Não esqueças por um segundo sequer que te amo. Não penses por um minuto sequer que não és importante na minha vida... não te sinto “um”, sinto-te “o”...
Para terminar, repito-te mais uma vez, o que já te disse umas quantas... haverá momentos, em que te levarei ao céu... mas sem me aperceber vou também arrastar-te até ao inferno... tudo isso será natural em mim... temo não o conseguir evitar! Sou uma besta!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

confesso aqui

Confesso aqui... agora... sem cenários... sem fantasias... baixinho...
Sou um bicho estranho...
Prezo a minha independência, a não invasão do meu espaço acima de tudo... vivo sozinha desde os 23 anos e sempre adorei que assim fosse!
Tive uma relação longa, com alguém de quem gostei muito... e ainda assim dividir o meu espaço sempre foi uma ideia estranha, sempre a senti como absurda. Sei que o que aqui digo deve fazer pouco sentido para muitos, mas para mim sempre teve uma lógica indiscutível!
No entanto hoje... talvez apenas porque não posso ter, queria alguém que me esperasse na minha casa, alguém que se sentisse em casa... queria poder ser eu a esperar... queria não me sentir tão só quanto me sinto...
Mas sou um bicho estranho... evito os amigos, não me apetece ver ninguém... ninguém que possa ver...
Por hoje, e apenas por hoje, gostava de ter a vida que a minha mãe sonhou para mim e não a que tenho... apetecia-me experimentar por um dia, a sensação de uma família minha...

Amanhã vou dizer que estava louca... que tudo está bem... que é assim que quero... que apenas me lamentei de uma ausência que deixa um vazio enorme em mim!
Amanhã estarei certa!!!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Tempestade

A noite abateu-se com violência sobre nós. A janela envidraçada parecia querer ceder a qualquer momento... o vento uivava, talvez de medo pelo ribombar dos trovões!
A luz eléctrica desligara-se há muito, provavelmente devido a uma qualquer linha caída ao longo da velha estrada que dá para o paraíso... para o templo... para a cabana!
Iluminados pelo fogo a crepitar na lareira, pelas velas espalhadas pelo chão, pelos relâmpagos... olhávamo-nos já em silêncio... com um sorriso na alma! A nossa mudez, a nossa bonança conquistada, contrastava com o universo que berrava... explodia... no êxtase da nossa paixão!
Foi por uma brisa que entrou não sei por onde, que realizei, que me apercebi onde estava... que tomei consciência de que o sonho que vivêramos era real/verdadeiro...! Os nossos corpos, húmidos, não sentiam frio. Acho que não dei pelo chegar da tempestade... no meio de tanta actividade, devo ter perdido a noção da realidade, ou então perdi foi o receio dela, e entreguei-me... abstraindo-me de amarras... foi tão intenso, vivermo-nos a nós...
Enquanto olhava o tecto, ouvia os trovões, ao fundo... ali, o nosso respirar, ainda ofegante, como se fôramos nós que tivéssemos andado em azafama a preparar aquela tempestade... e ao sétimo fôlego... descansássemos...
Olhei para ti... também estavas a recuperar... parecíamos exaustos, ou talvez não... o teu respirar era "intenso", havia em ti ainda um amar... sentia-se o aroma das velas, da lareira, dos nossos corpos...
Os nossos olhares encontraram-se... alguma coisa disseram... com o ecoar da trovoada, tivemos a desculpa que procurávamos para procurarmos refugio um no outro... não sei como acabou a tempestade... apenas sei que estava contigo...


Marta e CD


CD, obrigada por mais uma parceria neste texto, nesta tempestade a dois... é sempre um prazer!!! ;)

Aniversário

Falou-se por aqui de aniversários... de passado... eu lembrei-me de Fernando Pessoa. Por agora, deixo-vos um poema que gosto particularmente...



Aniversário


“No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses!
Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...”
Álvaro de Campos

terça-feira, 10 de abril de 2007

Chegada

O Sol apresentava-se em sangue, sobre o verde dos campos... fiquei um pouco encostada na aduela da porta, a vê-lo partir. Eu estava um pouco como o sol, em sangue... não por partir, mas por te ver partir! Tínhamos duas noites, dois dias e depois o vazio, o silêncio, a ausência, a dor...
Dentro de casa acendias a lareira, serenamente, como se te escapasse o pormenor que me atormentava. Quando rodei para te olhar, sorriste-me, atarefado, alheio aos meus pensamentos, às minhas duvidas, aos meus medos...
Tento sempre ler-te... e raramente o consigo, tenho dificuldade em saber o que te vai na alma em cada momento. Confio em ti, no teu amor, no teu carinho, na tua amizade... mas não sei ler-te... não sei se o tempo me dará essa capacidade, sei apenas que desespero, quando te observo de expressão fechada, nesse momento todos os fantasmas me assaltam, todos os demónios me gritam nos ouvidos: “Vês? Olha para ele, está entediado... cansou-se de ti!”
Com o cheiro das acendalhas no ar e as primeiras chamas a subir pelos troncos pequenos, colocados com mestria na lareira, apressaste o passo na minha direcção.
“Amo-te tanto!” sussurraste-me ao ouvido... e eu senti-me a mais tola das criaturas... senti-me tonta por sofrer por antecipação, senti-me pateta por te julgar farto de mim, quando me dizes a cada cinco minutos o quanto me amas, quando tens toda a atenção e carinho para comigo... senti-me um asno por ter receios, quando naquele momento tive a capacidade rara, de ver nos teus olhos o quanto me desejavas...
Enlaçaste-me pela cintura, encostaste-te nas minhas costas, com o queixo sobre o meu ombro e ficaste comigo a esperar a lua... depositando pequenos beijos no meu pescoço, na minha bochecha...

sábado, 7 de abril de 2007

Cá estou

Olá a todos... estou de volta... acho...
Nos últimos dias não vos tenho visitado... não porque vos esqueci, apenas porque dei um saltinho à cabana... e rumei a sul!
Estou bem... apesar das saudades que já tenho da cabana, mas eu sabia como seria...sou daqueles que acreditam que alguns preços apesar de elevados valem a pena ser pagos!
Pagarei a minha factura... vou estrebuchar... mas pago!
Quero aproveitar para vos desejar a todos uma boa Páscoa! Sejam felizes!
Não me vou alongar porque estou de poucas palavras e nenhuma inspiração.


A minha primota, a Cátia do Ticho, lançou-me um desafio... eu aceitei... aqui vai um pouco do que eu seria... se pudesse ser...
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Se eu fosse uma hora do dia, seria qualquer uma... em que fosse noite!
Se eu fosse um astro, seria uma estrela, pequenina... aparentemente.
Se eu fosse uma direcção, seria o Sul, acabo sempre por rumar a sul... por mais que me afaste vou sempre dar ao sul.
Se eu fosse um móvel, seria uma cama... adoro dormir...
Se eu fosse um líquido, seria tequilha... adora-se ou odeia-se.
Se eu fosse um pecado, seria a preguiça... por isso não me dou ao trabalho de explicar...
Se eu fosse uma pedra, seria uma ardósia... para escrever e apagar.
Se eu fosse uma árvore, seria uma oliveira... pela paz...
Se eu fosse uma fruta, seria uma cereja... pequenina...
Se eu fosse uma flor, seria um malmequer... selvagem...
Se eu fosse um clima, seria quente, como o alentejo!
Se eu fosse um instrumento musical, seria uma bateria... pelos diferentes sons!
Se eu fosse um elemento, seria terra... sem os pés bem firmes nela fico perdida.
Se eu fosse uma cor, seria vermelho... pela paixão!
Se eu fosse um animal, seria um gato, pela independência!
Se eu fosse um som, seria o silêncio... um grito mudo.
Se eu fosse música, teria que ser muitas... todas bem diferentes...
Se eu fosse estilo musical, seria latino.
Se eu fosse um sentimento, seria amizade... sem a qual não vivo...
Se eu fosse um livro, seria qualquer um de viagens... leve, pronto para sonhar e desesperar!
Se eu fosse uma comida, seria um crepe... sem gelado, simples, com uma pitada de canela...
Se eu fosse um lugar, seria uma seara alentejana ao vento...
Se eu fosse um gosto, seria pimenta... sou como a pimenta, ou estou na dose certa ou arruino o cozinhado!
Se eu fosse um cheiro, seria o cheiro da terra molhada, das primeiras chuvas que apagam o pó.
Se eu fosse uma palavra, seria vulcão... pelas explosões, sejam elas de que espécie forem.
Se eu fosse um verbo, seria amar... perdidamente...
Se eu fosse um objecto, seria um caderno (reciclado)...
Se eu fosse peça de roupa, seria uma camisola de malha de gola alta... quente e confortável... mas que não se suporta o ano inteiro...
Se eu fosse parte do corpo, seria as mãos... pelo toque, pelo aperto, pela sensação!
Se eu fosse expressão facial, seria um fechar de olhos... porque o faço muito, umas vezes porque não quero ver, e outras porque preciso ver melhor!
Se eu fosse personagem de desenhos animados, seria o Dartacão... sim... o Dartacão... não tenho a menor vocação para Julieta :)
Se eu fosse filme, seria “Instantes decisivos”, pelas escolhas... pelos caminhos...
Se eu fosse forma, seria um triângulo, muito bicuda e de muitas variantes...
Se eu fosse número, seria o 30... mas estou quase a mudar!
Se eu fosse estação, seria o Outono... aquele que me recordo da infância, o das castanhas, das folhas de mil cores, dos dias entre o castanho e o dourado... o aconchego!
Se eu fosse uma frase, seria "Se eu nascesse outra vez queria ser exactamente como sou... alentejana e mulher”...


Eu sou nova nisto dos desafios, mas parece-me que devo desafiar alguém... pois... desafio a Bublicious.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Quero que saibas

Irei mandar-te mensagens, falar-te no msn, enviar declarações por mail... em muitos momentos, vou roçar-te com os meus lábios, dizendo que nunca amei verdadeiramente antes de ti, vou jurar-te que perdendo-te o meu mundo ruirá, garantir que é contigo que quero partilhar o resto da minha vida... muitas vezes estudarei o momento para que fique perfeito! Sei que muitas outras serás tu que o farás comigo...
Mas não agora... eu amei antes de ti sim, custar-me-á se te perder mas a vida seguirá o seu rumo... o resto da minha vida, espero que seja muito tempo, sei lá eu com quem quero estar!!!
Quero-te feliz... acho que é a melhor declaração de amor que me podes fazer, é dizer-me ao ouvido que és feliz comigo, mas hoje, porque estou lúcida, sei que um dia esse ouvido não será o meu... mas quero-te feliz, com esse outro ouvido... apenas porque te amo... e apenas hoje... porque estou lúcida... em todos os outros dias, de encanto ou desencanto querer-te-ei preso a mim, para que sejas feliz ou para que sofras!
Lamento se o digo assim, a seco, a frio... lamento se as promessas de amor eterno que irei gemer nos teus ouvidos não passarão disso mesmo, promessas!
Hoje, posso dizer-te apenas que te amo... amo-te como nunca amei ninguém, porque és outro, único, nem mais nem menos... apenas diferente!
Hoje, prometo-te que o meu amor terá apenas a eternidade de cada momento que partilharmos...
Hoje, posso garantir apenas que te irei oferecer, em muitos momentos, o céu e o inferno... que serei o anjo e o demónio... e que tudo isso me sairá naturalmente... que serei eu...

quinta-feira, 29 de março de 2007

Se eu ficar...

Se eu ficar...
Se escolher não arriscar... é porque mereço!
Se eu ficar...
Se resolver fechar os olhos... é porque mereço!
Se eu ficar...
Se voltar a acobardar-me... é porque mereço!
Se eu ficar...
Então realmente eu mereço!
Mereço não ir...
Mereço não ter...
Mereço não conseguir...
Mereço morder a língua a cada queixume...
Mereço afogar-me lentamente no meu próprio veneno...

terça-feira, 27 de março de 2007

...

O mundo mudou!
As horas têm 120 minutos, os dias 48 horas... as noites limitam-se a 2 minutos, de 30 segundos cada um... talvez menos, dada a velocidade com que passam...
As noites têm sempre um sabor doce de pecado e um amargo de despedida... um gostinho de quero mais... de soube-me a pouco...
Esperar-te é um misto de pressa e ansiedade... o tempo passa e a minha urgência por ti apenas aumenta...
Gosto deste mundo doido que nasceu há pouco...
Gosto de te ver chegar com o olhar perdido... perdido em mim...

segunda-feira, 26 de março de 2007

Lixo

Sinto-me perdida...
Ando à toa... sem sentido!
O mundo desaba na minha cabeça e eu não tenho como o deter.
Apetece-me desistir... fechar-me num sitio qualquer longe de tudo e de todos... desligar o telefone, fingir que não estou... fingir quem não sou!!!
Apetece-me permitir a mim mesma quebrar... ficar no chão... sentir-me miserável!
Estou farta! Farta do que me rodeia, farta do que tenho e até do que não tenho!
Cansei-me desta merda toda!
Hoje não escrevo um texto, nem uma confissão nem sequer um desabafo... isto hoje é sei lá o quê... só uma forma de gritar, sentada à secretária, sem que ninguém me ouça...
Um soluço sufocado, porque ainda não vou chorar...
Quero sentir pena de mim por um bocadinho... descer ao fundo, para poder firmar os pés e começar a subir. Mas não quero a vossa pena, a minha é mais do que suficiente para me sentir um lixo... por isso, hoje, peço-vos desculpa, mas esta bosta que acabo de escrever não terá comentários!

sexta-feira, 23 de março de 2007

Templo

(Voltemos à cabana)


Hoje quero contar-vos como a cabana surgiu na minha vida.
Eu tinha quase 31 anos quando o conheci. Não sei dizer ao certo o que me aproximou dele, mas posso garantir que adorei o seu humor, apreciei a ironia inteligente, os seus contrastes entre a insegurança e a falta de modéstia...
Como ele me disse na altura:
“Temos uma inteligência idêntica ou partilhamos a mesma estupidez!”
Na verdade acho que foi isso... alguém com quem partilhei a mesma estupidez!
As coisas entre nós foram muito rápidas, muito diferentes, muito especiais... quando percebi ele tinha invadido a minha vida e conquistado o meu coração!
Apaixonei-me por ele pela diferença, para melhor está bom de se ver, mostrou-se único... apaixonei-me pelo entendimento fácil, pela conversa fluida... apaixonei-me pelo homem carinhoso que se revelou...
Os dias, as semanas passavam, e a nossa ligação fortificava-se. Amei-o com facilidade, com naturalidade... foi tão simples como respirar!
No terceiro sábado de Abril alugámos uma cabana isolada do mundo... perto do céu! Passámos lá o nosso primeiro fim-de-semana juntos. Foi nesse ano, nesse dia, que pisámos pela primeira vez, o local que seria o nosso templo!
Adquirimo-la quase um ano depois, quando num golpe de sorte a descobrimos à venda, ao tentarmos alugá-la para comemorar o nosso primeiro aniversário.

Os locais valem pelas pessoas que os frequentam... a cabana fará sempre parte de mim, seja o que for que a vida nos reserve... foi lá que te amei a primeira vez! Senti-la-ei sempre como o nosso templo e uma parte importante do meu imaginário!

quarta-feira, 21 de março de 2007

Adeus

Adeus...
Não posso nem quero continuar aqui!
Acabou.
Enjoei esse teu cheiro adocicado...
A tua pele macia que deslizava em mim, qual cobra, já não me atrai... não te canses... não te enrosques, não me mordas... estou imune! O teu veneno não me mata, já nem sequer me alucina. O teu corpo esguio, pode gritar... implorar pelo meu que não me causará qualquer calafrio.
Tantas foram as vezes que me rendi a esses teus jogos. Tantos foram os dias em que te esperei, para me entregar sem reservas de espécie alguma...
Sim, é verdade que te quis, que o teu corpo me roubava a lucidez, que me levaste a mundos fantásticos que nunca julguei existirem. É verdade que sugava cada gota do teu suor... não nego o desejo, o prazer proibido... mas agora... cansei-me...
Esse teu fogo já não me ateia... já nada tenho para arder, tudo o que tinha consumiste avidamente... tudo virou cinza!
O que fomos é passado, que me importa se o passado foi ontem?
Não voltarei a ceder... nem à menina bonita, nem à mulher perversa...
Dei o meu grito de liberdade, é escusado tapares os ouvidos...
Adeus...

segunda-feira, 19 de março de 2007

A outra

Não vou... não quero ir... não quero ter que voltar!
Sei que um dia, verás além de mim, que conseguirás finalmente ver-me, sem esse filtro que agora usas, que entenderás finalmente quem sou... que farás nesse dia com a outra? Com essa que dorme contigo, com essa a quem dás os bons dias. Que farás com a que juras amar? Que farás com a que tens agora, com a que não sou eu?
Vem hoje, agora, já, e olha-me bem, como se fosse a primeira vez... quero que esqueças essa outra... essa que tens e que não sou eu!
Abandona-a! Esquece-a! Ela é boa demais, fantástica demais... eu não... eu sou real... choro, riu, amuo, sou injusta, amo... sou o bom e o mau... inteira!
Não... talvez seja melhor que não venhas... como poderei lutar com ela?

sexta-feira, 16 de março de 2007

Mente-me...

Esconde-me debaixo da tua asa... e não digas a ninguém onde estou!
Não contes que me sinto frágil, que me encontras-te perdida... que te pedi amparo! Dá-me cobertura nesta minha farsa...
Deixa que isso fique um segredo só nosso, um de muitos... apenas mais um.
Não permitas que a luz chegue aos meus olhos, não me deixes perceber que o dia chegou. Prefiro acreditar que ainda é noite e que posso dormir na protecção da tua asa... ajuda-me quando mentir a mim própria!
Afaga-me as penas, acalma-me o espirito, abraça-me forte e não me deixes voar... sim, impede-me de levantar voo... não me deixes ir embora! Assusta-me perder-te... tanto, que tenho medo de ser eu a voar para longe...
Hoje gostava que me mimasses, que me cantasses para que adormeça... inventa uma serenidade que não exista em ti e oferece-ma de presente. Põe-lhe um embrulho bonito e eu prometo não reparar que é falsa...
Hoje... hoje quero que me mintas... diz-me só o que quero ouvir, conta-me que tudo será perfeito... jura que és aquele que eu idealizo... garante-me que sou eu a “tal” mulher...
Mente-me!
Peço-te, mente-me... fá-lo só hoje e apenas porque te peço... prometo que amanhã voltarei à realidade, mas hoje preciso acreditar nas minhas mentiras!

terça-feira, 13 de março de 2007

Insónia

Mais uma volta... os olhos mantêm-se fechados, prontos para dormir, mas o sono não vem. Apenas o cansaço, multiplicado já por muitos dias. Sinto-me no limite, sei que não aguentarei muito mais, sei que o estado de precariedade em que me encontro é incomportável!
Mais uma volta... lá estás tu, pairando no ar, incitando-me...
Mais uma volta... o telemóvel grita mais uma chamada. Desta vez não vou atender, chega! Falámos demais hoje, agora quero só dormir! Desligo-o.
Mais uma volta... queria tanto ouvir-te... que quererias? Estarás bem? Agarro-o e repito a ultima chamada... não atendes! E agora? SMS. “Estás bem? Apetece-me ouvir-te...”
Mais uma volta... os poucos segundos que demoras a ligar-me parecem uma eternidade.
Mais uma volta... e outra... e outra...
Procuro o teu corpo na cama grande, demasiado grande! Chegas em seguida, quando a tua voz me invade... sinto-te... entras-me por cada poro da pele, como uma pequena dose de veneno! Não me matas, apenas me deixas fora de mim!
Sinto a pele eriçar-se... impelida pela tua voz... sensual!
Mais uma volta...
“Vem ter comigo... agora...”
“Vou...”

Mais uma volta... mil outras voltas, desfazendo a cama...
Hummm
Mais uma volta!

domingo, 11 de março de 2007

“Não digas isso que parece mal!”

Desculpem... hoje é um desabafo...
Tenho sido muito criticada ao longo dos anos, pelas escolhas que tenho feito. Fui muitas vezes cobarde e imatura. Fugi de muitas batalhas. Assumo. Dizer que me arrependo já não é assim tão simples, de algumas coisas sim, de outras confesso que não. Sempre que me espalhei ao comprido cresci, aprendi lições e vivi coisas que muitos nem sonham o que são, mas sim errei, ainda erro, muito!
A grande duvida para mim , foi se seria só eu a errar...
“És pouco emotiva, um bocadinho seca.”
“Com esse feitio, não há quem te ature.”
“Se fosses mais feminina...”
“Não digas isso que parece mal!”

Pois... bem, hoje vou comentar, em mais um acto de cobardia e de fuga à luta. Cobardia porque o faço aqui, onde aqueles a que me refiro não me encontram e fuga à luta, porque há anos que evito esta batalha, se um dia a travar vira guerra... e será uma guerra feia, cheia de baixas... eu posso fugir agora, mas se um dia me debater, será para ganhar!
Mas adiante.
“És pouco emotiva, um bocadinho seca.” – Sou??? Porquê? Porque não vos ligo diariamente? Porque não digo em cada oportunidade o quanto são fantásticos? Porque não vos afago o pêlo como fazem comigo? Porque raio o deveria fazer? Para depois dizer mal de vocês pelas costas como fazem comigo? Nesse caso eu quero continuar seca... mas não hipócrita! Aqueles que amo e que me amam sabem sempre onde me encontrar, sabem sempre que a minha porta está aberta, que o faço de coração, os outros... procurem a sua turma.
“Com esse feitio, não há quem te ature.” – Felizmente. Também não quero qualquer um a aturar-me. Sou como sou, com mau feitio SIM... quem gosta porreiro, quem não gosta... come só as batatas!
“Se fosses mais feminina...” – Se fosse mais feminina, seria alguém que não sou... não vou por ai! Curiosamente, já houve quem descobrisse uma mulher em mim, apesar das botas de biqueira de aço, das calças de ganga, da pouca maquilhagem, do capacete.
“Não digas isso que parece mal!” – Claro, dizer o que penso e acredito parece mal... bonito mesmo é fingir alguém que não sou! Brilhante!
Desculpem lá o mau jeito... até porque sei que fica mal dizer isto... mas quero que enfiem as vossas teorias... exactamente por aí... como são grandes... talvez vos agrade!

quinta-feira, 8 de março de 2007

Louco...

Ouço-te sem me cansar!
A tua voz próxima do meu ouvido causa-me calafrios... sim desses!
Tu sabes, excitas-me...
Agrada-me ter-te assim, a falar no meu ouvido...sentir a tua respiração, os teus lábios que me roçam...
Enlouqueces-me quando a meio de uma conversa me dizes “quero-te”... num tom arrastado, quase de dor...
Gosto quando me perguntas se podes dormir comigo, prometendo ficar quieto, apenas porque sabes que não te deixarei cumprir...
Ensandeço, quando sinto nas minhas costas a tua pele nua... a ponta dos teus dedos descobrindo-me mais uma vez...
Quero-te louco... quando me sentes num percurso demorado entre o teu pé e a tua boca...
Sinto-te desvairado... quando faço paragens nesse percurso...
Fica cá esta noite sim, promete que não me deixas dormir e dá-me uma overdose de ti!
Preciso que me mates de uma vez... isto de morrer aos poucos está a ficar demasiado doloroso.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Chuva

Ontem, a chuva, o vento, o frio, o bom senso (o dos outros), diziam que devia ficar em casa.
Eu fui ficando, retraindo o meu desejo de sair à rua e matar as saudades que tinha daquele pedaço de chão... do cheiro da terra molhada...
Fui obedecendo, e sentindo crescer em mim uma fera... enjaulada... preparada para atacar! Sabia que estava prestes a ferir alguém, para isso bastava que cruzassem o meu território, a única falha que precisavam cometer era cruzarem-se comigo.
Andei de casa em casa, comi (porque comer ajuda sempre a passar o tempo), praguejei e acabei por decidir que não era uma chuvinha que me iria dar a desculpa perfeita para ser uma besta com os outros.
Portanto equipei-me a rigor, galochas, capa plástica com capuz, no mínimo 4 números acima do meu e lá fui eu... deslumbrante...
A aragem fria que me atravessava o corpo levava a fera e a chuva lavava-me a alma.
Precisei de pouco tempo até te poder “convidar” para o passeio... depois partilhei contigo cada segundo, “caminhámos” mais de uma hora, apenas nós, a chuva, a lama, as poças de água, o verde do campo e o negro do céu... Não sei há quantos anos não o fazia, não sei há quantos anos eu não permitia a mim mesma o prazer de saltar numa poça de água, de escorregar na lama...
E foi assim, pela tua mão e pela chuva purificadora, que o bicho virou criança e quando regressei a casa ia suja e feliz...
Por uma vez fui sensata na minha insensatez!

sexta-feira, 2 de março de 2007

Naquela terra

Hoje vou partir, descobrir um mundo novo... cansa-me esta vidinha de sempre, esta rotina, este rol de impossibilidades... hoje posso tudo e vou partir!
Comigo levo apenas o que preciso, visto a armadura reluzente, coloco a espada na cintura, escondo o cabelo para enganar os adversários, monto o meu cavalo e parto a galope. Pelo caminho agarro-te pela cintura, coloco-te na garupa e levo-te comigo... não tenhas medo, proteger-te-ei de todos os perigos, levo a coragem e a valentia das grandes guerreiras.
Será assim que partiremos... quando o sol se encontrar vermelho... e a porta estiver aberta para a terra da fantasia!
Lutarei contra dragões em cavernas escuras, iluminadas apenas pelo calor do fogo e pelo faiscar do meus olhos. Enfrentarei bruxas más, sem receio dos venenos e dos feitiços de morte que me lançarão. Consultarei feiticeiras, que me avisarão das bruxas e dos dragões... dos perigos daquele mundo, dos adversários que se baterão comigo.
Das feiticeiras conseguirei poções... mezinhas para todas as maleitas. Correremos grandes perigos, viveremos muitas aventuras e em todas elas, no derradeiro minuto, salvar-te-ei... será esse o instante em que te carrego nos braços e beijo... e tu... rendido deixaste levar na minha fantasia...
Nesses instantes de fim de história, o meu mais perigoso adversário, o medo, num último suspiro, desembainha a espada... tentando trespassar-me, ataca-me pelas costas o cobarde... mas eu resisto, num golpe de sorte e astucia...
Naquela terra, somos invencíveis e imortais... poderemos ser imprudentes... arriscar... naquela terra poderemos ser o que quisermos...
Naquela terra, a da fantasia... a que existe pra lá dos nossos sonhos, dos nossos devaneios... por lá nada nos separa...
Mas tudo isto é apenas por lá!...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Ver sem ver...

De olhos fechados sentimos mais ou melhor?

No escuro apuramos os restantes sentidos?


Fechamos os olhos quando algo nos dá prazer?

Para qualquer uma destas questões ocorre-me uma única resposta: SIM!
Pois bem, acreditando que estou a responder de forma correcta, a minha vida é uma sucessão de erros... ainda maior do que imaginava...
A minha racionalidade sempre me obrigou a pensar muito... demais! Não que tenha evitado alguns devaneios, mas enfim, até eles me foram úteis, cresci. O que importa aqui, é que a minha busca de respostas para todas as perguntas (as que existiam e as que eu inventava), sempre me deixou atenta, de olhos escancarados... erro crasso... deixei de ver o que os outros tinham de melhor! O facto de me concentrar na visão, não permitiu que ouvisse convenientemente, que me deixasse deslumbrar pelo som, pela musica (bem ouvi algumas vozes desafinadas... mas adiante), o toque não era apreciado na sua verdadeira dimensão, não saboreei bem uma longa conversa, não me deixei envolver pelo perfume...
Olhei... muito... mas na realidade passaram por mim pessoas que eu nunca vi... não tenho ideia de quem são, de quem foram, do que sentiram...
Ora aqui está um erro que nunca me tinha ocorrido... não sei se por burrice, se por o erro ser o q estou a afirmar hoje... pois... a ver vamos...
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Não fantasiei, não me confessei... hoje foi... NADA!

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Son(h)o

Não sei porque fico neste desassossego... passeio ao luar, viajo de balão, aterro nas nuvens, e durmo por lá... contigo, enroscada! Fazes-me um carinho, velas pelo meu sono e fazes-me descer lentamente ao sofá da sala. Sempre sem sobressaltos... com movimentos lentos, seguros...
Não sei porque fico neste desassossego... se estás aqui! Se me abraças com calor que chega para derreter o meu gelo, se bebemos um chá e não dormimos até de manhã... até partilhares o sofá comigo!
Não sei porque fico neste desassossego... querendo um inverno longo, mas fantasiando com o sol a revelar-me as sardas...
Não sei porque fico neste desassossego... se tudo é perfeito...
Talvez porque sei que as noites acabam... os sonhos terminam... e a vida recomeça...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

No limits

Conduzi sem destino, queria mostrar-te algo de especial, queria impressionar-te com um lugar fantástico, mas não havia nada na minha cabeça além de ti! Acabei por parar no meio do nada... não sei do que falávamos, apenas sei que riamos... não eram sorrisos, eram sonoras gargalhadas!
No meio da noite, embrenhámo-nos pelo mato, o vento frio cortava-nos a pele e mesmo assim apenas nos riamos... aquele riso tolo de quem não sabe o que faz... sabendo-o perfeitamente!
Lembras-te de quereres sentar-te a observar as estrelas? Lembras-te de como tentei infantilmente fugir à questão, por vergonha de confessar o meu medo pelo possível “ataque” de um bicho qualquer? Lembro-me de teres percebido na hora...
O teu olhar cravado em mim era quente... tão quente que esqueci o frio, mas não abdiquei das minhas mãos nos teus bolsos! Recordo a proximidade do teu corpo, aquele instante sublime em que nos olhámos de frente, sem receios, sem duvidas... com as mãos nos bolsos alheios e a lua sobre as nossas cabeças!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

A Marta existe?

Tenho pensado sobre isto.
Criei a Marta há tanto tempo, que me baralho sobre a sua existência. Ela nasceu muito antes do blog, começou por ser um personagem secundário de um drama de 3ª, e daí tem evoluído para o q conhecem hoje. Pouco a pouco e sem que eu desse conta ela foi ganhando terreno... cresceu em mim, ganhou vida e lançou-se no mundo. Fê-lo de uma maneira que eu nunca consegui.
Os meus amigos, os mais íntimos, conheceram-na e gostaram dela, acho mesmo que a preferem a mim!
A Marta é mais solta, mais livre, menos cobarde... acho que projectei nela o que sempre quis ser e não tive coragem. Mas não a criei perfeita, longe disso, ou não fosse ela um reflexo de mim...
A Marta criou este blog, começou por contar os meus segredos e agora fala quase exclusivamente de si. Dedica-se a descobrir-vos, a seduzir-vos, a chocar-vos... homens e mulheres, sem excepção!
Aposto que se vos perguntasse (aos que já me conhecem e aos que me conheciam) com que nome pensam em mim, a resposta seria simples e rápida. “Marta!”
Compreendo, até eu já penso em mim como Marta. Mas tenho dias em que quero a minha vida de volta, só para mim, só minha, em que não quero partilhar com ninguém os meus amigos, em que tenho vontade de a matar... para recuperar o que é meu!
Hoje não é um desses dias. Se no inicio ela foi inventada, hoje ela é real, tem a sua própria vivência, a sua história, os seus “amores”!
A Marta respira tanto ou mais do que eu, sente tanto ou mais do que eu... é certo que é desenfreada, inconsequente... mas ela só o é, porque é jovem, porque se (nos) permite viver... sonhar...
A Marta existe?
Sim! Independentemente do nome que me deram quando nasci...
A Marta conquistou-me, e hoje quando acordei e pensei em ti... percebi que era ela...

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Espero-te

Espero-te com a certeza de que não chegarás...
“Se sabes que não vou, porque me esperas?”
Porque prefiro esperar-te em vão a não ter o que esperar!
“Não esperes, não por mim...”
Vou esperar-te sim... não me vou iludir, isso não... vou apenas esperar!
“Como esperas sem te iludires?”
Tendo a consciência de que não vens, mas esperando ainda assim...
Espero encontrar-te na rua, espero um “olá”, espero um convite para um café, espero um sorriso... espero qualquer detalhe, qualquer insignificância que possa chegar de ti.
“Não tenho o que te oferecer...”
Não me importa, não agora, não ainda... por isso, esquecer-te-ei mais tarde... neste momento tenho a capacidade de agarrar na tua não oferta e a transformar em algo fantástico, que aquece os meus dias!
Neste momento um olhar, um piscar de olhos, um bom dia... fazem a diferença.
Seria tempo perdido sim, se não existisse a tua imagem em mim, se eu não permitisse que ao longo do dia me acompanhasses, se não te sentisse por perto.
“Mas eu não estou perto.”
Enganas-te... neste momento tenho-te aqui a meu lado, sussurrando baixinho: “Porquê eu?”

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Pensamentos cruzados

Brilhante, esta condução deve ser apenas mais uma forma de me provocar, ele sabe que fico com os nervos à flor da pele com este tipo de ultrapassagens. Tenho sempre a sensação que as detesta tanto ou mais que eu e que as faz com o único propósito de me afrontar! Seria capaz de jurar que vai a fazer um esforço para abafar o riso...percebeu que me irritou. Parece ter prazer em magoar-me...

Será que ela percebe o meu nervoso? Hoje nada me sai bem, gosto tanto de conduzir... mas hoje, assim... queria tanto pedir-lhe desculpa, sei que ela não gosta... mas assim já são duas coisas (e ela deve conseguir pensar em mais alguma)... acelero porque quero travar, não digo nada porque quero dizer, com o som do motor tento abafar os pensamentos, com a adrenalina tento não pensar nela... estou a falhar, completamente, quem é que eu engano, e por isso começo a esboçar um sorriso... diz qualquer coisa...

Pois, o palerma está mesmo a rir! Tem um sorriso bonito... talvez fosse melhor dizer-lhe que sei o que quis dizer, acabávamos de vez com esta birra. Não! Não é melhor, que diabos, ele é que disse a asneira, ele que diga o que quiser, se não quiser não diga... vou calada, não canso a voz, nem ele me cansa os ouvidos...
Agora que olho bem para ele... está mesmo aflito, sabe que pôs a pata na argola... pois que sofra! Para a próxima pensa antes de abrir a boca... bem... talvez não pense... mas eu amo-o assim...

Será que ela reparou que já não vou depressa... acho que sim, existe finalmente uma paz qualquer nela, em nós... a forma como olha para fora da janela, é final de tarde e está uma luz fantástica, o seu enquadramento é fantástico, está tão bela... tenho de dizer algo, pedir-lhe desculpa, não aguento mais este sofrimento... mas só consigo balbuciar uns sons estranhos, não me saem palavras... mas, "Eu percebi!" ouço-a dizer... vejo-a sorrir... faço-lhe companhia...


Cdesag e Marta


Este texto foi escrito em conjunto com o Cdesag, aconteceu na sequência de uma "parceria" que fizemos no blog dele e na qual nos divertimos bastante (acho).
Cdesag, voltou a ser muito agradável. Até um dia destes?

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

:(

Hoje estou assim, avessa a tudo o que quero... se é que quero, na verdade nem sei. Sei apenas que a questão nem se devia colocar, mas coloca-se. Aparece-me quase todos os dias diante dos olhos. Dependendo dos dias, finjo q não vejo, passo por cima, não reparo ou volto atrás.
Deveria ser sensata e não falar do assunto... pois bem, como já se percebeu não sou!!
Por isso hoje quero dizer-te:
- Não quero pensar em ti
- Não quero falar contigo
- Não quero ver-te
- Não quero o teu toque
- Não quero o teu abraço
- Não quero o teu beijo
- Não te quero... ?!?!?!
Acho que escrevi tudo ao contrário...

(Hoje é dia de teatro... apenas isso, represento o meu papel, cada dia pior, um personagem que já não sei interiorizar.)

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Desculpa???

Entrei no restaurante do costume, para almoçar e dirigi-me ao balcão. Perguntei à menina quais os pratos do dia e logo que me respondeu, ela continuou a conversa que estava a ter com outro cliente.
“Nós já estamos juntos há 14 anos, esta gente nova sabe lá o que isso é... aguentarem o que eu passei... e quem me dera que sejam mais 30. Sou muito feliz!”
Fiquei abismada! Frequento aquele estabelecimento há alguns anos e naturalmente acabo por falar com ela. Tem menos 1 ou 2 anos que eu, o que quer dizer que está com aquele homem desde os 14 ou 15 anos, isto é, desde sempre... pergunto-me o que é que ela viveu da sua adolescência... aliás, pergunto-me o que é que ela viveu.
São um casal no mínimo estranho. A ela vejo-a diariamente a servir às mesas, a ele vejo-o diariamente sentado às mesas a beber café ou qualquer outra bebida, ou a passear-se pelas ruas... deduzo que seja daqueles económicos que vivem de ar... se não for esse o caso resta-me apenas a hipótese de andar a ser sustentado pela mulher... um homem à séria!!!
Recordo ainda cada vez que o vejo, as negras que ela exibia na cara e pescoço há cerca de 2 anos atrás... lembro-me claramente do dia em que ela com uma lágrima nos olhos, me disse enquanto servia o almoço, que não aguentava mais e que o deixaria...
O discurso de hoje deixou-me sem palavras... “esta gente nova”... ela afinal é o quê? Velha? Fala como se tivesse 60 anos, quando ainda não chegou aos 30... “aguentarem o que eu passei”... mas alguém deve levar pancada e aguentar-se?!
“Sou muito feliz!” Desculpa??? Essa realmente ultrapassa-me...
Que posso dizer sobre isto? Apenas a única ideia que me vem à cabeça desde então. Se felicidade é isto que ela descreve, eu quero continuar infeliz para sempre!

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Matilde

Estive contigo na terça, e como sempre fizeste-me bem... sinto a tua falta sabes, nunca mais encontrei alguém à tua altura para dividir as minhas noites de insónias, mais ninguém se irritou tanto com o tamborilar dos meus dedos... tenho muitas saudades das nossas noites de ventos e chuvas. A minha pressa e a tua calma eram uma combinação extraordinária. Juntas éramos brilhantes, donas do mundo e senhoras de nós.
Lembraste-te das noites de “fiesta”? Dos copos, das gargalhadas... lembras-te das tostas e das danças? Das pernas fora do vidro do carro?
A tua mãe ficava possessa connosco e quanto mais ela reclamava mais nos riamos... temos tantas coisas em comum... dividimos a infância, a adolescência e o inicio de vida adulta... amei-te com toda a minha alma e acreditei que seria para sempre... não foi... separámo-nos à muito... mas nunca nos esqueceremos...
Sei que os teus meses têm sido difíceis, sei que te tenho apoiado pouco, sei que precisas de mais, que mereces mais... mas tenho tanto medo de voltar a entregar-me!
Lamento tanto não acompanhar mais o crescimento do teu filho... é um puto fantástico... puxou à mãe!
Escrevo-te para te contar que hoje, senti uma afinidade que embora não seja comparável, foi o tipo de coisa que em tempos teria dado um telefonema de horas ou uma noite mal dormida. Explicava-te em segundos, porque percebias na hora... mas divagaríamos muito sobre o assunto!
Queria dizer-te que estou em paz e à minha maneira estou feliz...
Pena que esqueceste o meu conceito de felicidade...