quinta-feira, 29 de março de 2007

Se eu ficar...

Se eu ficar...
Se escolher não arriscar... é porque mereço!
Se eu ficar...
Se resolver fechar os olhos... é porque mereço!
Se eu ficar...
Se voltar a acobardar-me... é porque mereço!
Se eu ficar...
Então realmente eu mereço!
Mereço não ir...
Mereço não ter...
Mereço não conseguir...
Mereço morder a língua a cada queixume...
Mereço afogar-me lentamente no meu próprio veneno...

terça-feira, 27 de março de 2007

...

O mundo mudou!
As horas têm 120 minutos, os dias 48 horas... as noites limitam-se a 2 minutos, de 30 segundos cada um... talvez menos, dada a velocidade com que passam...
As noites têm sempre um sabor doce de pecado e um amargo de despedida... um gostinho de quero mais... de soube-me a pouco...
Esperar-te é um misto de pressa e ansiedade... o tempo passa e a minha urgência por ti apenas aumenta...
Gosto deste mundo doido que nasceu há pouco...
Gosto de te ver chegar com o olhar perdido... perdido em mim...

segunda-feira, 26 de março de 2007

Lixo

Sinto-me perdida...
Ando à toa... sem sentido!
O mundo desaba na minha cabeça e eu não tenho como o deter.
Apetece-me desistir... fechar-me num sitio qualquer longe de tudo e de todos... desligar o telefone, fingir que não estou... fingir quem não sou!!!
Apetece-me permitir a mim mesma quebrar... ficar no chão... sentir-me miserável!
Estou farta! Farta do que me rodeia, farta do que tenho e até do que não tenho!
Cansei-me desta merda toda!
Hoje não escrevo um texto, nem uma confissão nem sequer um desabafo... isto hoje é sei lá o quê... só uma forma de gritar, sentada à secretária, sem que ninguém me ouça...
Um soluço sufocado, porque ainda não vou chorar...
Quero sentir pena de mim por um bocadinho... descer ao fundo, para poder firmar os pés e começar a subir. Mas não quero a vossa pena, a minha é mais do que suficiente para me sentir um lixo... por isso, hoje, peço-vos desculpa, mas esta bosta que acabo de escrever não terá comentários!

sexta-feira, 23 de março de 2007

Templo

(Voltemos à cabana)


Hoje quero contar-vos como a cabana surgiu na minha vida.
Eu tinha quase 31 anos quando o conheci. Não sei dizer ao certo o que me aproximou dele, mas posso garantir que adorei o seu humor, apreciei a ironia inteligente, os seus contrastes entre a insegurança e a falta de modéstia...
Como ele me disse na altura:
“Temos uma inteligência idêntica ou partilhamos a mesma estupidez!”
Na verdade acho que foi isso... alguém com quem partilhei a mesma estupidez!
As coisas entre nós foram muito rápidas, muito diferentes, muito especiais... quando percebi ele tinha invadido a minha vida e conquistado o meu coração!
Apaixonei-me por ele pela diferença, para melhor está bom de se ver, mostrou-se único... apaixonei-me pelo entendimento fácil, pela conversa fluida... apaixonei-me pelo homem carinhoso que se revelou...
Os dias, as semanas passavam, e a nossa ligação fortificava-se. Amei-o com facilidade, com naturalidade... foi tão simples como respirar!
No terceiro sábado de Abril alugámos uma cabana isolada do mundo... perto do céu! Passámos lá o nosso primeiro fim-de-semana juntos. Foi nesse ano, nesse dia, que pisámos pela primeira vez, o local que seria o nosso templo!
Adquirimo-la quase um ano depois, quando num golpe de sorte a descobrimos à venda, ao tentarmos alugá-la para comemorar o nosso primeiro aniversário.

Os locais valem pelas pessoas que os frequentam... a cabana fará sempre parte de mim, seja o que for que a vida nos reserve... foi lá que te amei a primeira vez! Senti-la-ei sempre como o nosso templo e uma parte importante do meu imaginário!

quarta-feira, 21 de março de 2007

Adeus

Adeus...
Não posso nem quero continuar aqui!
Acabou.
Enjoei esse teu cheiro adocicado...
A tua pele macia que deslizava em mim, qual cobra, já não me atrai... não te canses... não te enrosques, não me mordas... estou imune! O teu veneno não me mata, já nem sequer me alucina. O teu corpo esguio, pode gritar... implorar pelo meu que não me causará qualquer calafrio.
Tantas foram as vezes que me rendi a esses teus jogos. Tantos foram os dias em que te esperei, para me entregar sem reservas de espécie alguma...
Sim, é verdade que te quis, que o teu corpo me roubava a lucidez, que me levaste a mundos fantásticos que nunca julguei existirem. É verdade que sugava cada gota do teu suor... não nego o desejo, o prazer proibido... mas agora... cansei-me...
Esse teu fogo já não me ateia... já nada tenho para arder, tudo o que tinha consumiste avidamente... tudo virou cinza!
O que fomos é passado, que me importa se o passado foi ontem?
Não voltarei a ceder... nem à menina bonita, nem à mulher perversa...
Dei o meu grito de liberdade, é escusado tapares os ouvidos...
Adeus...

segunda-feira, 19 de março de 2007

A outra

Não vou... não quero ir... não quero ter que voltar!
Sei que um dia, verás além de mim, que conseguirás finalmente ver-me, sem esse filtro que agora usas, que entenderás finalmente quem sou... que farás nesse dia com a outra? Com essa que dorme contigo, com essa a quem dás os bons dias. Que farás com a que juras amar? Que farás com a que tens agora, com a que não sou eu?
Vem hoje, agora, já, e olha-me bem, como se fosse a primeira vez... quero que esqueças essa outra... essa que tens e que não sou eu!
Abandona-a! Esquece-a! Ela é boa demais, fantástica demais... eu não... eu sou real... choro, riu, amuo, sou injusta, amo... sou o bom e o mau... inteira!
Não... talvez seja melhor que não venhas... como poderei lutar com ela?

sexta-feira, 16 de março de 2007

Mente-me...

Esconde-me debaixo da tua asa... e não digas a ninguém onde estou!
Não contes que me sinto frágil, que me encontras-te perdida... que te pedi amparo! Dá-me cobertura nesta minha farsa...
Deixa que isso fique um segredo só nosso, um de muitos... apenas mais um.
Não permitas que a luz chegue aos meus olhos, não me deixes perceber que o dia chegou. Prefiro acreditar que ainda é noite e que posso dormir na protecção da tua asa... ajuda-me quando mentir a mim própria!
Afaga-me as penas, acalma-me o espirito, abraça-me forte e não me deixes voar... sim, impede-me de levantar voo... não me deixes ir embora! Assusta-me perder-te... tanto, que tenho medo de ser eu a voar para longe...
Hoje gostava que me mimasses, que me cantasses para que adormeça... inventa uma serenidade que não exista em ti e oferece-ma de presente. Põe-lhe um embrulho bonito e eu prometo não reparar que é falsa...
Hoje... hoje quero que me mintas... diz-me só o que quero ouvir, conta-me que tudo será perfeito... jura que és aquele que eu idealizo... garante-me que sou eu a “tal” mulher...
Mente-me!
Peço-te, mente-me... fá-lo só hoje e apenas porque te peço... prometo que amanhã voltarei à realidade, mas hoje preciso acreditar nas minhas mentiras!

terça-feira, 13 de março de 2007

Insónia

Mais uma volta... os olhos mantêm-se fechados, prontos para dormir, mas o sono não vem. Apenas o cansaço, multiplicado já por muitos dias. Sinto-me no limite, sei que não aguentarei muito mais, sei que o estado de precariedade em que me encontro é incomportável!
Mais uma volta... lá estás tu, pairando no ar, incitando-me...
Mais uma volta... o telemóvel grita mais uma chamada. Desta vez não vou atender, chega! Falámos demais hoje, agora quero só dormir! Desligo-o.
Mais uma volta... queria tanto ouvir-te... que quererias? Estarás bem? Agarro-o e repito a ultima chamada... não atendes! E agora? SMS. “Estás bem? Apetece-me ouvir-te...”
Mais uma volta... os poucos segundos que demoras a ligar-me parecem uma eternidade.
Mais uma volta... e outra... e outra...
Procuro o teu corpo na cama grande, demasiado grande! Chegas em seguida, quando a tua voz me invade... sinto-te... entras-me por cada poro da pele, como uma pequena dose de veneno! Não me matas, apenas me deixas fora de mim!
Sinto a pele eriçar-se... impelida pela tua voz... sensual!
Mais uma volta...
“Vem ter comigo... agora...”
“Vou...”

Mais uma volta... mil outras voltas, desfazendo a cama...
Hummm
Mais uma volta!

domingo, 11 de março de 2007

“Não digas isso que parece mal!”

Desculpem... hoje é um desabafo...
Tenho sido muito criticada ao longo dos anos, pelas escolhas que tenho feito. Fui muitas vezes cobarde e imatura. Fugi de muitas batalhas. Assumo. Dizer que me arrependo já não é assim tão simples, de algumas coisas sim, de outras confesso que não. Sempre que me espalhei ao comprido cresci, aprendi lições e vivi coisas que muitos nem sonham o que são, mas sim errei, ainda erro, muito!
A grande duvida para mim , foi se seria só eu a errar...
“És pouco emotiva, um bocadinho seca.”
“Com esse feitio, não há quem te ature.”
“Se fosses mais feminina...”
“Não digas isso que parece mal!”

Pois... bem, hoje vou comentar, em mais um acto de cobardia e de fuga à luta. Cobardia porque o faço aqui, onde aqueles a que me refiro não me encontram e fuga à luta, porque há anos que evito esta batalha, se um dia a travar vira guerra... e será uma guerra feia, cheia de baixas... eu posso fugir agora, mas se um dia me debater, será para ganhar!
Mas adiante.
“És pouco emotiva, um bocadinho seca.” – Sou??? Porquê? Porque não vos ligo diariamente? Porque não digo em cada oportunidade o quanto são fantásticos? Porque não vos afago o pêlo como fazem comigo? Porque raio o deveria fazer? Para depois dizer mal de vocês pelas costas como fazem comigo? Nesse caso eu quero continuar seca... mas não hipócrita! Aqueles que amo e que me amam sabem sempre onde me encontrar, sabem sempre que a minha porta está aberta, que o faço de coração, os outros... procurem a sua turma.
“Com esse feitio, não há quem te ature.” – Felizmente. Também não quero qualquer um a aturar-me. Sou como sou, com mau feitio SIM... quem gosta porreiro, quem não gosta... come só as batatas!
“Se fosses mais feminina...” – Se fosse mais feminina, seria alguém que não sou... não vou por ai! Curiosamente, já houve quem descobrisse uma mulher em mim, apesar das botas de biqueira de aço, das calças de ganga, da pouca maquilhagem, do capacete.
“Não digas isso que parece mal!” – Claro, dizer o que penso e acredito parece mal... bonito mesmo é fingir alguém que não sou! Brilhante!
Desculpem lá o mau jeito... até porque sei que fica mal dizer isto... mas quero que enfiem as vossas teorias... exactamente por aí... como são grandes... talvez vos agrade!

quinta-feira, 8 de março de 2007

Louco...

Ouço-te sem me cansar!
A tua voz próxima do meu ouvido causa-me calafrios... sim desses!
Tu sabes, excitas-me...
Agrada-me ter-te assim, a falar no meu ouvido...sentir a tua respiração, os teus lábios que me roçam...
Enlouqueces-me quando a meio de uma conversa me dizes “quero-te”... num tom arrastado, quase de dor...
Gosto quando me perguntas se podes dormir comigo, prometendo ficar quieto, apenas porque sabes que não te deixarei cumprir...
Ensandeço, quando sinto nas minhas costas a tua pele nua... a ponta dos teus dedos descobrindo-me mais uma vez...
Quero-te louco... quando me sentes num percurso demorado entre o teu pé e a tua boca...
Sinto-te desvairado... quando faço paragens nesse percurso...
Fica cá esta noite sim, promete que não me deixas dormir e dá-me uma overdose de ti!
Preciso que me mates de uma vez... isto de morrer aos poucos está a ficar demasiado doloroso.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Chuva

Ontem, a chuva, o vento, o frio, o bom senso (o dos outros), diziam que devia ficar em casa.
Eu fui ficando, retraindo o meu desejo de sair à rua e matar as saudades que tinha daquele pedaço de chão... do cheiro da terra molhada...
Fui obedecendo, e sentindo crescer em mim uma fera... enjaulada... preparada para atacar! Sabia que estava prestes a ferir alguém, para isso bastava que cruzassem o meu território, a única falha que precisavam cometer era cruzarem-se comigo.
Andei de casa em casa, comi (porque comer ajuda sempre a passar o tempo), praguejei e acabei por decidir que não era uma chuvinha que me iria dar a desculpa perfeita para ser uma besta com os outros.
Portanto equipei-me a rigor, galochas, capa plástica com capuz, no mínimo 4 números acima do meu e lá fui eu... deslumbrante...
A aragem fria que me atravessava o corpo levava a fera e a chuva lavava-me a alma.
Precisei de pouco tempo até te poder “convidar” para o passeio... depois partilhei contigo cada segundo, “caminhámos” mais de uma hora, apenas nós, a chuva, a lama, as poças de água, o verde do campo e o negro do céu... Não sei há quantos anos não o fazia, não sei há quantos anos eu não permitia a mim mesma o prazer de saltar numa poça de água, de escorregar na lama...
E foi assim, pela tua mão e pela chuva purificadora, que o bicho virou criança e quando regressei a casa ia suja e feliz...
Por uma vez fui sensata na minha insensatez!

sexta-feira, 2 de março de 2007

Naquela terra

Hoje vou partir, descobrir um mundo novo... cansa-me esta vidinha de sempre, esta rotina, este rol de impossibilidades... hoje posso tudo e vou partir!
Comigo levo apenas o que preciso, visto a armadura reluzente, coloco a espada na cintura, escondo o cabelo para enganar os adversários, monto o meu cavalo e parto a galope. Pelo caminho agarro-te pela cintura, coloco-te na garupa e levo-te comigo... não tenhas medo, proteger-te-ei de todos os perigos, levo a coragem e a valentia das grandes guerreiras.
Será assim que partiremos... quando o sol se encontrar vermelho... e a porta estiver aberta para a terra da fantasia!
Lutarei contra dragões em cavernas escuras, iluminadas apenas pelo calor do fogo e pelo faiscar do meus olhos. Enfrentarei bruxas más, sem receio dos venenos e dos feitiços de morte que me lançarão. Consultarei feiticeiras, que me avisarão das bruxas e dos dragões... dos perigos daquele mundo, dos adversários que se baterão comigo.
Das feiticeiras conseguirei poções... mezinhas para todas as maleitas. Correremos grandes perigos, viveremos muitas aventuras e em todas elas, no derradeiro minuto, salvar-te-ei... será esse o instante em que te carrego nos braços e beijo... e tu... rendido deixaste levar na minha fantasia...
Nesses instantes de fim de história, o meu mais perigoso adversário, o medo, num último suspiro, desembainha a espada... tentando trespassar-me, ataca-me pelas costas o cobarde... mas eu resisto, num golpe de sorte e astucia...
Naquela terra, somos invencíveis e imortais... poderemos ser imprudentes... arriscar... naquela terra poderemos ser o que quisermos...
Naquela terra, a da fantasia... a que existe pra lá dos nossos sonhos, dos nossos devaneios... por lá nada nos separa...
Mas tudo isto é apenas por lá!...