terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Cabana

Aguardava-o na cabana da montanha. Comprámo-la aquando do nosso primeiro aniversário. Todos os anos na primavera lá passamos uma semana. Levamos mantimentos e isolamo-nos do mundo. As noites passamo-las à lareira, ouvindo o crepitar do lume, degustando um vinho, rindo, saboreando a dança perfeita dos nossos corpos. Durante o dia caminhamos pelas margens do rio, de mãos dadas como dois adolescentes e eu sinto-me leve, como se flutuasse pelos campos verdejantes... por vezes amamo-nos em comunhão com a natureza, com o sol a beijar-nos a pele. Amo-o tanto!
A 3ª semana de abril repete-se há 8 anos e a paixão com que lhe toco nunca esmoreceu. Os meus dedos conhecem cada traço seu e amo-o mais cada vez que lhe descubro uma nova marca do tempo.
Naquele ano não fôramos juntos... ele chegaria pela madrugada... esperava-o tranquila, com a paz que o seu amor me transmite. Ao longo dos anos sempre tive medo de o perder, mas nunca questionei o seu amor!
Acordei com os seus dedos a percorrerem a minha perna que havia saltado, nua, para fora da cama. Estremeci pela mão gelada e pelo prazer que sinto a cada toque seu.
A claridade da lua que entrava pelas frinchas da janela e se misturava com o vermelho do fogo, não eram suficientes para lhe distinguir o rosto, apenas lhe emoldurava a silhueta, mas adivinhava-o sorridente... ansioso por me tocar...
Mantive os olhos fechados, não queria que interrompesse o passeio que fazia em mim.
Sempre o desejei... ele sempre teve a capacidade de me acalmar a respiração e aumentar a pulsação! Quando o seu rosto se aproximou do meu não consegui evitar o sorriso e depositei-lhe um beijo terno sobre os lábios. Voltei a fechar os olhos... ele murmurou no meu ouvido um: “Quero-te tanto!”, que fingi não ouvir. Esperei sentir a sua pele junto da minha e surpreendi-o com uma pequena dentadinha na orelha... incitando-o...

10 comentários:

Anónimo disse...

És uma escritora e tanto, acho incrivel a forma como conseguiste construir este texto e colocar nele todas as coisas que tinhamos falado, essa tua imaginação é um espetáculo.
Só não gostei duma coisa, o não ser capaz de fazer o mesmo.

Marta disse...

Zorrinho,
:) Escritora não sou, nem pretendo ser. Mas gosto deste texto, não posso é dizer que é meu, porque a ideia é tua, algumas expressões são tuas... logo o texto é um "trabalho conjunto". Limitei-me a fazer o relato sob o meu ponto de vista. Diverti-me imenso enquanto o escrevi.
Qt ao facto de dizeres que não és capaz de fazer o mesmo, aí discordamos, já li textos teus fantásticos, bem melhores que este.

Anónimo disse...

és sim um interessante e boa escritora!!
;)

Marta disse...

Fontez,
Tu és um interessante e intrigante comentador ;)
bj

GK disse...

Mas gosto mais desta... ;)

Marta disse...

Gk,
Eu também gosto mais desta, é o relato de uma mulher que eu imagino quase nos 40 anos, com as suas rugas e o seu amor... uma mulher segura, madura e feliz!
(uma mulher que eu gostaria de ser daqui por alguns anos)
bj

Anónimo disse...

Sempre acabamos por pôr um bocado de nós naquilo que inventamos!?
;)

Marta disse...

Sanchopança,
Claro que sim... tem sempre um pedaço de nós... pode é ser maior ou menor...
;)

Anónimo disse...

intrigante?...
lol
malandrinha,.,,
;)

Marta disse...

Fontez,
:) malandrinha ou mazinha? ;)