terça-feira, 29 de dezembro de 2009

silencios

Eu que escuto o silêncio nos talheres que batem ritmados no prato, na água que circula no aquecimento, na chuva para lá da janela de vidro duplo, na chave do vizinho que roda na fechadura da porta de alta segurança,  na televisão que me chega da sala, fico assim, pequenina, esmagada pela consciência do som do silencio alheio. Do silencio aqui do meu quintal. Esse silencio que ronca no estômago vazio. Esse silencio... splash... que perfura a pele, feito pelas goteiras que furam o plástico. Esse silencio cheio de sonhos de guerras... que se chamam sonhos porque se desconhece que são pesadelos. Esse silencio que grita em olhos cinzentos, baços, esse silencio que baila nos membros que escondem o rosto marcado.
Eu que escuto este silêncio medonho, sinto-me aturdida com esse outro que existe para lá do reino da minha fantasia!

2 comentários:

Cris disse...

com licença, retiro-me um pouco para chorar o teu silêncio no meu.

Marta disse...

Beijo!
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:)