Hoje o caminho foi longo... Apesar de gostar de conduzir e gostar de o fazer com chuva, hoje foi particularmente difícil!
Comecei devagar. Vi a lezíria com gotas de chuva entre raios de sol e um arco-íris deslumbrante. Apesar de não ser a minha terra, adoptou-me e eu amo aquela mãe adoptiva... porque não o faria? Acolheu-me, serviu-me de refugiu, ajudou-me a sarar feridas, deu-me uma nova vida, uma nova casa, alguns amores... claro que a amo, mas não é a minha, sou sempre uma estranha na multidão, a prima do primo da prima da amigo do tio...
O que pode ser mais bonito que a planície alentejana florida na primavera? Os tons das nossas flores selvagens, salpicando o verde de amarelo, branco, roxo, vermelho... os campos a perder de vista, o pequeno monte, imaculadamente branco... dirão que é seca, agreste... eu digo-lhes que é triste... que balança de dor ao vento, como o trigo seco em pleno verão... mas que o faz com uma dignidade única...
Quantas vezes me esfolei e demorei horas a chegar a casa, em criança, porque tinha ido passear para o montado e confrontada com meia dúzia de vacas tive que subir a um sobreiro e lá fiquei a sonhar... a imagem vista da pernada de um sobreiro é divina, só quem o fez, ou faz, o pode entender!
Até quando chora, como hoje, com o pó apagado, transformado num aroma inconfundível... a minha terra é bonita...
Se vos falasse então, do céu estrelado e límpido das noites de verão... não me calaria tão cedo! Mas disso falarei num outro dia, que não hoje!
Com o adensar da chuva e o passar dos minutos dei por mim a acelerar, a noite aproximava-se e a minha ansiedade agravava...
Sabes... acho que não, eu nunca te disse... tenho o pé pesado (bem... isso sabes), mas sempre que estou nervosa conduzo devagar, como se internamente tivesse um alarme que depois de accionado me deixasse o pé leve... uma auto protecção de mim mesma... hoje não foi assim... queria chegar, queria saber de ti, queria ver-te, queria que me visses...
Quando finalmente cheguei, vi o pai fingindo estar calmo, como sabes ele finge mal, muito mal... e sem ti fica perdido!
Fomos ter contigo em silêncio... tentei dizer umas piadolas, daquelas foleiras que me saem nos momentos impróprios... mas estranhamente estava sem stock... e assim fomos calados!
Ele entrou logo, eu fiquei à espera, tive que esperar... quando deixaram que entrasse, perdi-me nos corredores... e quando finalmente te encontrei, sorriste para mim, um sorriso triste... és como o alentejo... sofrido mas de uma dignidade única...
Estou aqui... na nossa casa, à tua espera mãe!
Comecei devagar. Vi a lezíria com gotas de chuva entre raios de sol e um arco-íris deslumbrante. Apesar de não ser a minha terra, adoptou-me e eu amo aquela mãe adoptiva... porque não o faria? Acolheu-me, serviu-me de refugiu, ajudou-me a sarar feridas, deu-me uma nova vida, uma nova casa, alguns amores... claro que a amo, mas não é a minha, sou sempre uma estranha na multidão, a prima do primo da prima da amigo do tio...
O que pode ser mais bonito que a planície alentejana florida na primavera? Os tons das nossas flores selvagens, salpicando o verde de amarelo, branco, roxo, vermelho... os campos a perder de vista, o pequeno monte, imaculadamente branco... dirão que é seca, agreste... eu digo-lhes que é triste... que balança de dor ao vento, como o trigo seco em pleno verão... mas que o faz com uma dignidade única...
Quantas vezes me esfolei e demorei horas a chegar a casa, em criança, porque tinha ido passear para o montado e confrontada com meia dúzia de vacas tive que subir a um sobreiro e lá fiquei a sonhar... a imagem vista da pernada de um sobreiro é divina, só quem o fez, ou faz, o pode entender!
Até quando chora, como hoje, com o pó apagado, transformado num aroma inconfundível... a minha terra é bonita...
Se vos falasse então, do céu estrelado e límpido das noites de verão... não me calaria tão cedo! Mas disso falarei num outro dia, que não hoje!
Com o adensar da chuva e o passar dos minutos dei por mim a acelerar, a noite aproximava-se e a minha ansiedade agravava...
Sabes... acho que não, eu nunca te disse... tenho o pé pesado (bem... isso sabes), mas sempre que estou nervosa conduzo devagar, como se internamente tivesse um alarme que depois de accionado me deixasse o pé leve... uma auto protecção de mim mesma... hoje não foi assim... queria chegar, queria saber de ti, queria ver-te, queria que me visses...
Quando finalmente cheguei, vi o pai fingindo estar calmo, como sabes ele finge mal, muito mal... e sem ti fica perdido!
Fomos ter contigo em silêncio... tentei dizer umas piadolas, daquelas foleiras que me saem nos momentos impróprios... mas estranhamente estava sem stock... e assim fomos calados!
Ele entrou logo, eu fiquei à espera, tive que esperar... quando deixaram que entrasse, perdi-me nos corredores... e quando finalmente te encontrei, sorriste para mim, um sorriso triste... és como o alentejo... sofrido mas de uma dignidade única...
Estou aqui... na nossa casa, à tua espera mãe!
14 comentários:
Oi..como já te disse várias vezes..adoro ler-te...é sempre algo muito doce..jinhos
Borboleta,
Como também já te disse é sempre um prazer receber-te e visitar-te!
beijinhos
Ás vezes sinto me diferente de todos porque a terra que amo não é a que me viu crescer é que a me acolheu muitos anos depois e por um periodo apenas de cinco anos. Estranho mas continuo a espera de saber qual a minha terra.
talvez um dia destes.
jinhos
"Quantas vezes me esfolei e demorei horas a chegar a casa, em criança, porque tinha ido passear para o montado e confrontada com meia dúzia de vacas tive que subir a um sobreiro e lá fiquei a sonhar..."
Sortuda!!!
Sortuda pois, eu só há pouco tempo é que decobri que o leite não nascia já em pacotes.
cd, fez-me rir...lol
Marta, eu sei o que é isso, os trabalhos do campo. Já guardei ovelhas, rabejei vacas, fiz tantos trabalhos agrários que eu destestava. Para mim a nossa terra é aquela onde estamos no momento. Apenas temos afinidades com as terras que mais nos marcaram. Não tem nada a ver com o sitio onde nasceste. Eu por exemplo, nasci em Africa, vim de lá com 3 anos e nunca mais lá voltei, nem tenho desejo nenhum especial para lá ir, não me interessa nada por ter nascido lá, teria de interessar pelo que falam e ai terei curiosidade e talvez me apaixonasse por ela, também porque é minha.
Ainda bem que a tua mãe sorriu, estará sempre lá quando tu a filhota precisar :)
bjs
Bel,
Eu nasci em Lisboa, mas isso é apenas o q diz o BI. eu sinto-me alentejana e por isso digo sempre q sou. Não considero mentira, é o q eu escolhi, onde cresci, todas as minhas memórias são de lá.
Escolhe a tua...
bj
Gk,
Sortuda :) sim, pq tive a sorte de crescer livre... a terra q comi, fez-me mt bem :)
bj
Cd,
Eu ia comprar leite a um vizinho (mais de 600m de distância), qd o trazia ainda estava quente... não eram pacotes, eram vacas, comecei depois a chamar-lhes mimosas:)
bj
(cd? abreviaste certo?)
Esteril,
Eu os trabalhos do campo nunca fiz, a n ser q conte estragar a horta do meu avô, alegando q estava a ajudar. Desde q o meu avô morreu nunca mais apanhei sequer uma alface... enfim...
Qt à minha mãe... sei q estará sempre por mim, incondicionalmente! Eu tb tentarei n falhar... ela merece, e agora precisa!
bj
Sabes que a imagem que falas de tar em cima da arvore a apreciar a paisagem, tenho um episodio que nunca vou esquecer, que me dá essa mesma imagem. Era um carneiro que nos vinha marrar, a mim, ao meu irmão e meu primo, porque o tavamos a torear, eramos putos, eu o mais velho, logo subi para a árvore :)))) o meu primo é que deu mais de 20 cambalhotas todas seguidas sem parar, à parte de ficar todo negro, ficou bem.
A vista foi fantástica, não pelo prazer, mas pela salvação do meu canedal :D
Nas brincadeiras conjuntas com as minhas primas eu era a mais nova... a minha alcunha era... fizeram-me muitas maldades, mas adoro-as tb por isso :)
Desculpa lá, mas sendo tu o mais velho n deverias proteger os mais novos??? Digo eu, q nasci mais nova que as minhas primas e nunca tive q as defender, estive sempre preocupada em defender-me delas:)
Agora uma duvida... afinal o q é o teu canedal??? :)))
A paz e a calma do Alentejo! É também uma zona do país de que gosto muito, até porque tenho uma costela alentejana por parte da mãe :)
Boa estadia, aproveita ao máximo ;)
Bjs!
Mina,
A estadia será aproveitada sim.
bj
Eu era o mais velho, mas pouco, eramos putos, achas q eu ia dominar o carneiro?? escolhe outro, o meu primo foi para lá insitar o bicho. Ehhh Torroooooo...Ehhhh.... vai daí o sacana vem embalado.... e pimba, eu pimba p cima da árvore a chamar por ajuda. :)
Tenho mesmo pena de ti...heheh
canedal = Cabedal, enganei-me ;)
melhorias pra tua dear Mama...!
beijinhos martinha.
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